Assim, “a APAT apela a que se chegue a um entendimento o mais rapidamente possível, pois para além dos prejuízos causados diretamente às nossas empresas e às pessoas, causa igualmente prejuízos à imagem de Portugal e dos portos portugueses”, referiu.

De acordo com a associação, “ainda que não seja possível afirmar com elevado grau de certeza, estimamos que uma greve com estas características e dimensão poderá ter um impacto no comércio internacional de cerca de 100 a 150 milhões de euros/dia no país”.

A APAT destacou que, “depois de acontecimentos demasiadamente penalizantes para todos, desde a covid-19, a guerra, a inflação e o preço da energia”, entende que o setor não deve “ser a adição para eventuais crises sociais, causadas por falta de produtos de primeira necessidade e ainda mais razões para mais subidas de preços”.

“Oportunamente percebemos que cadeias logísticas bem oleadas e agilizadas são fundamentais para crescimento, sustentabilidade ambiental, social e económica, e se somos todos parte da cadeia logística, todos devemos ter o entendimento necessário da importância que temos no processo e todos temos de ter um posicionamento mais conciliador”, defendeu.

“Se o direito à greve é um direito dos trabalhadores e que compreendemos, também entendemos que temos o direito de apelar ao bom senso de todos os intervenientes neste processo, desde os trabalhadores, das administrações portuárias e da tutela”, rematou a APAT.

O Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Administrações Portuárias (SNTAP) convocou uma greve de vários dias, que começou em 22 de dezembro e se prolonga até 30 de janeiro e abrange os portos do continente, Madeira e Açores.

De acordo com o documento enviado ao Governo, secretarias regionais e administrações portuárias, os trabalhadores dos portos do continente e da Madeira vão estar em greve “das 00:00 do dia 22 de dezembro até às 24:00 do dia 23 de dezembro”, “das 00:00 do dia 27 de dezembro até às 24:00 do dia 29” e “das 00:00 às 24:00 dos dias 02, 06, 09, 13, 16, 20, 23, 27 e 30 de janeiro”.

O sindicato acusa as administrações portuárias de “ausência total de disponibilidade” para dialogar sobre a proposta de revisão salarial para 2023, tendo o SNTAP feito “vários pedidos de reunião” que ficaram sem resposta, “nomeadamente por parte das administrações de Sines e de Lisboa”.

Os representantes dos trabalhadores apontam ainda a “subsistência de graves situações” de violação da legislação e do acordo coletivo de trabalho em vigor, incluindo um caso que classifica como “assédio laboral” a um trabalhador do porto de Sines.