"Os centros fundamentais do transporte (marítimo) veem-se afetados", alertou na quinta-feira Kitack Lim, secretário geral da Organização Marítima Internacional (OMI), num vídeo publicado na página da organização.
"Nestes tempos difíceis, a capacidade do setor para fornecer bens vitais, incluindo equipamentos médicos e alimentos, será fundamental para responder a esta pandemia e, em última instância, superá-la", acrescentou.
A marinha mercante é um elo essencial na cadeia de fornecimento de muitos produtos vendidos nos supermercados, alvo de grande procura quando muitos países se encontram em etapa de quarentena.
"Precisamos da sua ajuda. Pedimos que todos prestem atenção à sua forma de comprar", escreveram as principais redes de supermercados do Reino Unido numa carta publicada nos jornais nacionais, em que várias anunciaram que estavam a racionar a venda de certos produtos.
"A situação é especialmente problemática quando se trata de atracar", explicou à AFP Guy Platten, secretário geral da Câmara Internacional de Navegação (ICS). "Os navios às vezes são obrigados a esperar 14 dias", aponta.
A OMI destacou que vários portos estão fechados.
A ICS pede o acesso dos navios de transporte de mercadorias "aos portos de todo o mundo" e trocas de tripulação "mais fáceis", dado que em algumas regiões do mundo são complicadas.
Por outro lado, o forte declínio do transporte de passageiros também está a incentivar algumas empresas "a concentrarem-se no transporte de carga no futuro", explica Jean-Marc Lacave, delegado geral das transportadoras francesas.
Brittany Ferries, que opera as ligações através do Canal da Mancha, mas também para Irlanda e Espanha, afirmou na terça-feira que a partir de domingo e até novo aviso, os seus navios só transportarão mercadorias.
Ventos favoráveis
A China, país onde surgiu o novo coronavírus, mas que não tem nenhuma contaminação local desde quinta-feira, está a dar sinais de recuperação económica.
A atividade foi retomada em mais de 90% fora da província de Hubei - a mais afetada pelo vírus - afirmou na terça-feira o comité de planeamento.
"Após uma desaceleração de seis semanas, a atividade de exportação está a voltar à normalidade com um aumento nos volumes e um provável efeito de recuperação para reabastecer os stocks", disse à AFP uma porta-voz da transportadora francesa CMA-CGM.
"Desde o início de março, os volumes que saem da Ásia aumentaram em 50% por semana e espera-se uma recuperação de 100% no final do mês", acrescentou.
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