De acordo com dados oficiais, o número de turistas a visitar o país aumentou para 554.417 no primeiro trimestre do ano.
Nos primeiros três meses do ano, o número de estrangeiros a visitar as Cataratas de Victoria, uma das principais atrações turísticas do país, aumentou 48% em relação ao período homólogo de 2017.
O aumento do interesse foi recebido com alívio pelos responsáveis por safaris e cruzeiros, negócios atingidos pela crise económica e pelo frequente clima de violência política que marcaram a era de Mugabe.
“Estivemos isolados durante muito tempo, mas voltámos a ser nós mesmos”, disse a ministra do Turismo, Prisca Mupfumira, em entrevista à agência noticiosa francesa AFP.
Durante anos, os turistas estiveram afastados do Zimbabué, receando o regime repressivo, a corrupção nas forças policiais, fracas infraestruturas e escassez de combustíveis, mas as perspetivas para o futuro parecem ter mudado após o afastamento de Robert Mugabe em novembro de 2017.
“Há boas perspetivas na indústria do turismo”, disse Prisca Mupfumira, nas vésperas das eleições de 30 de julho, acrescentando que o turismo “é uma pedra basilar” da economia do Zimbabué.
As autoridades contam com um renascimento do setor turístico, que contribui para 10% do PIB do país, mas as previsões são complicadas de atingir.
“O Zimbabué não é um destino barato. Tudo aumentou de preço nos últimos meses devido à incerteza que se vive no país”, apontou o gerente de um restaurante nas Cataratas de Victoria, Ilan Wiesenbacher, à AFP, salientando que, ainda assim, “o número de visitantes tem aumentado constantemente”.
Lloyd Machaka, proprietário de uma empresa de viagens de helicóptero, não escondeu a ambição com as expectativas positivas.
“Se tudo correr bem, vamos ter mais investidores, maiores hotéis e melhores ligações aéreas”, disse.
Para atrair mais turistas, o Governo decidiu facilitar a entrada no país, sendo agora possível pedir visto já em território zimbabuano.
Os bloqueios de estradas por parte da polícia, em que os motoristas eram forçados a pagar subornos ou a sujeitar-se a longos interrogatórios, também foram cancelados.
“Esses bloqueios de estradas eram um desastre, um verdadeiro problema”, acrescentou a ministra do Turismo.
As autoridades lançaram uma campanha para “assegurar ao mundo que o Zimbabué está de portas abertas” e que “é um destino turístico seguro”, disse Mupfumira.
O Zimbabué realiza eleições presidenciais, legislativas e locais de 30 de julho, na sequência de um golpe militar que forçou a União Nacional Africana do Zimbabué – Frente Patriótica (ZANU-PF) a destituir Robert Mugabe da sua liderança e a nomear o vice-presidente Emmerson Mnangagwa, que assumiu funções como chefe de Estado em 24 de novembro de 2017.
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