Cerca de seis mil pinheiros estão a ser resinados, ao abrigo de um contrato de exploração assinado em 2016 com a empresa United Resins, da Figueira da Foz, que constituiu o regresso desta atividade do setor primário à região, da qual se espera no final do ano uma produção na ordem das 12 toneladas de resina.
“A produção depende das condições do clima e, por exemplo, o ano passado não foi muito favorável”, salientou à agência Lusa João Martins, operador de resinagem, que se desloca com regularidade de Paranhos da Beira (Seia) para a freguesia de Vila Nova, no distrito de Coimbra, numa distância superior a 100 quilómetros.
O regresso da atividade “foi uma aposta dos Baldios de Vila Nova, que teve início com um projeto da Câmara de Penela”, explicou Dulce Margalho, técnica superior dos Baldios de Vila Nova, que gerem uma área florestal de cerca de mil hectares na Serra da Lousã.
“Na altura, convidaram-nos como parceiros, bem como a todos os baldios da Serra da Lousã, com o intuito de os envolver a todos no projeto [de resinagem], mas, entretanto, só os baldios de Vila Nova o conseguiram implementar”, sublinhou.
Apesar da distância, João Martins faz um balanço positivo de um ano de atividade, que começou com quatro mil pinheiros numa área de 12 hectares, que este ano aumentou para seis mil pinheiros e uma mancha de 15 hectares, com a perspetiva de aumentar nos próximos anos.
“Surgiu a oportunidade de virmos para aqui trabalhar e como procurávamos áreas como a que estamos a resinar, onde se pode trabalhar e com pessoas que convivem connosco no dia-a-dia, sempre dispostas a ajudar naquilo que é necessário, viemos explorar esta área”, frisou.
Segundo Dulce Margalho, o levantamento inicial aponta para uma área de 90 hectares de povoamentos de pinheiro bravo aptos a resinar nos Baldios de Vila Nova, o que revela um enorme potencial de crescimento face aos 15 hectares atuais.
Nas operações de resinagem, João Martins conta com mais três trabalhadores, mas “a perspetiva é aumentar o número, “porque os Baldios [de Vila Nova] ainda têm uma área bastante grande” para alargar a área de exploração.
“Vamos apostar aqui, aumentar a produção e meter mais pessoal”, sublinhou.
Além da criação de postos de trabalho e do aumento do rendimento dos proprietários florestais, com cada bica instalada a render 30 cêntimos, a técnica Dulce Margalho realça que “uma das mais-valias” da presença dos resineiros “será a defesa da floresta contra incêndios”.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da Resipinus – Associação de Destiladores e Exploradores de Resina disse que a resinagem está lentamente a regressar, depois do apogeu dos anos 1980 e da crise que se verificou a seguir com a importação de resina chinesa, que revolucionou os preços de mercado.
“Nos anos de 1980 atingimos o apogeu com uma produção superior a 100 mil toneladas, mas a partir de meados dos anos 1990 houve uma forte quebra de preços devido à entrada da China no mercado”, explicou Hilário Costa.
Só a partir de 2010, acrescentou, com a quebra de produção na China, é que a atividade em Portugal voltou a crescer, embora lentamente, com o alargamento das áreas de exploração e o regresso de antigos resineiros aos pinhais.
Atualmente, a produção nacional situa-se em cerca de oito mil toneladas, o que, segundo Hilário Costa, “não é nada face ao que já se produziu”.
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