
"Os danos são verdadeiramente enormes", disse à EFE, por telefone, a diretora de comunicação para a Ásia-Pacífico da Federação Internacional, Afrhill Rances, indicando ter recebido as dados sobre a destruição dos seus parceiros da Cruz Vermelha de Myanmar.
A cidade de Sagaing fica a cerca de 17 quilómetros do epicentro do terramoto. A outra cidade mais próxima, a uma distância semelhante, é Mandalay, a segunda maior do país, com cerca de 1,5 milhões de habitantes.
A junta militar que detém o poder em Myanmar desde o golpe de 2021 divulgou, no sábado à noite, a mais recente contagem provisória de vítimas, que aponta para pelo menos 1.644 mortos, 3.408 feridos e 139 desaparecidos.
Só em Mandalay, para onde se deslocou no sábado o chefe do regime, Min Aung Hlaing, registaram-se pelo menos 694 mortos.
A situação em Sagaing é mais incerta. O município, com cerca de 300.000 habitantes, situa-se na região homónima onde teve lugar o epicentro, uma zona onde guerrilhas de minorias étnicas e forças pró-democracia têm vindo a ganhar terreno ao exército, nos combates travados após a revolta.
"Penso que ninguém conseguiu ter uma ideia clara do que está realmente a acontecer em Sagaing", disse Afrhill Rances.
O Governo de Unidade Nacional (NUG), da oposição, um grupo formado após o golpe, que afirma ser a autoridade legítima da Birmânia, disse no sábado que o exército continuou a bombardear as áreas atingidas pelo terramoto, incluindo Sagaing.
A situação em Sagaing e a contagem das pessoas afetadas e das vítimas estão ainda dificultadas pelo facto de aí se encontrar um terço do total de pessoas deslocadas pelo conflito no país, cerca de 1,2 milhões (de um total de 3,5 milhões), segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).
As forças armadas birmanesas declararam o estado de emergência em seis zonas: Sagaing, Mandalay, Magway, Shan, Naipyido e Bago.
O exército lançou um apelo invulgar à ajuda internacional na sexta-feira. Centenas de socorristas de vários países, incluindo China, Rússia, Singapura, Índia e Tailândia, já estão envolvidos nas operações, informou hoje o canal de televisão oficial MRTV.
O sismo de 7,7 na escala de Richter provocou na sexta-feira o colapso de vários edifícios e monumentos em Myanmar.
O abalo foi registado às 06:20 (hora de Lisboa). Ocorreu a uma profundidade de 10 quilómetros (km), com epicentro a 270 quilómetros a norte da capital Naipidau.
Também na Tailândia, em Banguecoque, a milhares de quilómetros de distância, há registo de mortos e feridos. O sismo também foi sentido com intensidade em várias cidades do sul da província chinesa de Yunnan, embora até agora os danos registados tenham sido pouco significativos.
AL // ROC
Lusa/Fim
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