O Governo de Macau já tinha abandonado a ideia de construir o núcleo da rede de bibliotecas públicas de Macau no edifício do antigo tribunal, no coração da cidade, num investimento de 900 milhões de patacas (113 milhões de euros), disponibilizando um espólio físico de meio milhão de livros, com destaque para as "coleções especiais" que integram 70 mil livros em português.

A decisão de alterar a localização da nova Biblioteca Central, cujo projeto de construção deveria avançar este ano ou em 2021, foi justificada em conferência de imprensa pela presidente do Instituto Cultural (IC) por razões técnicas e de custo, que pode descer quase para metade, segundo uma estimativa "muito preliminar".

"Em termos técnicos arquitetónicos, a dificuldade de construção (...) será reduzida e o seu custo (...) relativamente baixo", afirmou Mok Ian Ian. "Será o santuário da nossa alma", acrescentou, referindo-se à futura "maior biblioteca de Macau" que se prevê estar a funcionar em 2024.

O anterior projeto para o antigo tribunal, desenhado pelo ateliê do arquiteto Carlos Marreiros, é abandonado, afirmaram os responsáveis do IC, que já desembolsaram 40% do valor da adjudicação, de 18,6 milhões de patacas (2,2 milhões de euros).

As autoridades sustentam que a nova 'casa' possui "mais condições para se tornar no edifício cultural mais emblemático/icónico do ponto de vista da sua conceção", numa zona "onde se encontram instalações culturais e atividades cívicas e na proximidade de zonas residenciais e de várias escolas", garantindo "uma área de serviços mais ampla, reduzindo, em simultâneo, as pressões de trânsito no centro da cidade".

O Governo contactou "mais de dez equipas de 'design' arquitetónico do país e do estrangeiro que já ganharam prémios internacionais nesta área e projetaram bibliotecas de reconhecida excelência ou instalações culturais de cariz semelhante", sendo que "quatro dessas equipas (...) foram convidadas a apresentar propostas de 'design' conceptual".

Na mesma conferência de imprensa, o IC apresentou outros projetos, entre os quais o do Teatro Caixa Preta do Centro Cultural de Macau, cujos trabalhos de conceção já começaram e que irá ocupar uma área de cerca de 2.230 metros quadrados.

Além de um piso com uma sala multifuncional para ensaios e pequenos espetáculos, o espaço irá incluir num outro andar dois pequenos teatros com capacidade para 140 e 160 espetadores. O projeto de conceção deverá estar concluído no primeiro semestre de 2021.

O IC informou ainda que está a realizar um estudo sobre a futura revitalização e aproveitamento do terreno da antiga fábrica de Panchões Iec Long, na ilha da Taipa. Planeando a abertura parcial daquele espaço ao público, preservando a estrutura e a edificação do imóvel.

Por fim, o instituto anunciou que "pretende dar prioridade ao restauro e revitalização de alguns lotes qualificados na zona dos Estaleiros Navais de Lai Chi Vun" para criar "espaços que se aliam a feiras culturais e criativas, uma praça de lazer, um espaço multifuncional de atividades e a sala de exposições da fabricação de cal, para uso público".

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