O empréstimo do FMI deverá ascender a 20 mil milhões de dólares (17,6 mil milhões de euros), conforme anunciado no mesmo dia pelo ministro da Economia argentino, Luis Caputo.

Validado pelo conselho de administração do FMI, a ajuda prevê o desembolso imediato de uma primeira tranche, sem precedentes, de 12 mil milhões de dólares (10,6 mil milhões de euros), estando já prevista uma segunda de dois mil milhões de dólares (1,76 mil milhões de euros) em junho.

Trata-se de um "reconhecimento dos progressos impressionantes realizados na estabilização da economia argentina" e de um "voto de confiança na determinação do governo em prosseguir as reformas", declarou a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, na rede social X.

A economia argentina vai crescer "como nunca antes", reagiu, por sua vez, o Presidente argentino, Javier Milei, após o anúncio.

No entanto, a surpresa veio do BM, que anunciou uma ajuda de 12 mil milhões de dólares ao país, para "apoiar as reformas que continuam a atrair o setor privado e reforçar as medidas tomadas para promover a criação de emprego".

O BID, por sua vez, anunciou na sexta-feira que deverá conceder até 10 mil milhões de dólares (8,8 mil milhões de euros) ao longo de três anos ao Governo argentino, após aprovação do conselho de administração do banco.

Após o anúncio do FMI, Caputo anunciou que o Governo liberal de Milei vai suspender os rigorosos controlos de capitais e divisas do país dentro de dias, uma aposta arriscada possibilitada pelo empréstimo.

"O acordo vai permitir-nos, a partir de segunda-feira, suspender os controlos cambiais que limitam tanto o funcionamento normal da economia", sublinhou Caputo, num discurso na sede do governo em Buenos Aires.

Os controlos de capitais são um emaranhado de regulamentos que ajudam a estabilizar o peso a um ritmo oficial e impedem a fuga de capitais da Argentina.

Impostas pelo anterior governo de esquerda em 2019, as restrições limitam o acesso de indivíduos e empresas a dólares, desencorajando o investimento estrangeiro de que o Presidente Javier Milei necessita para atingir o objetivo de transformar a Argentina, fortemente regulamentada, numa economia livre.

Criaram também um vasto mercado negro para a moeda norte-americana.

A inflação mensal na Argentina acelerou em março para o ritmo mais rápido em sete meses, de acordo com dados da agência oficial de estatísticas do país divulgados hoje.

Os preços no consumidor subiram 3,7% em relação ao mês anterior, principalmente como resultado do aumento dos preços dos alimentos.

O aumento acentuado, face à taxa de inflação de 2,4% em fevereiro, surpreendeu os analistas financeiros e deixou os argentinos cada vez mais preocupados com a possibilidade de o progresso do Presidente Javier Milei na redução dos aumentos de preços estar estagnado.

A última vez que a inflação subiu tanto numa base mensal foi em agosto de 2024, quando os preços subiram 4,2%.

 

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