
"O elevado nível de inflação que se verifica no nosso mercado é caraterizado por um autêntico roubo ao bolso do consumidor por parte de alguns operadores económicos que se aproveitam da crise para ganhar avultados lucros", afirmou Bambo Sanha, o presidente da Associação do Consumidor de Bens e Serviços (ACOBES).
O responsável falava à imprensa por ocasião do Dia Internacional do Consumidor, que hoje se assinala.
Segundo Bambo Sanha, aquilo acontece porque aqueles operadores económicos beneficiam da "passividade e a cumplicidade de alguns dirigentes ou funcionários públicos" e com a "fragilidade" das autoridades guineenses na tomada de medidas para proteger o consumidor.
Dados divulgados na segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística indicam que a inflação em fevereiro se situou no 8,5% o dobro da registada em fevereiro de 2022, quando estava em 4,1%.
Em janeiro, o país registou uma inflação de 8,2%.
Para Bambo Sanha, a situação no mercado nacional, que antes da crise mundial já era "vulnerável", tornou-se "ainda mais fraca em competitividade para o fornecimento de bens alimentares" em "quantidade e qualidade", o que está a provocar um aumento da "fome" e da "miséria".
Salientando que a Guiné-Bissau tem um grande potencial agrícola, o presidente da ACOBES reafirmou que as autoridades nacionais devem apostar naquele setor, mecanizando e modernizando a agricultura, para que se produza em "grande quantidade e qualidade para abastecer o mercado nacional".
Dados disponibilizados pelo Governo, em julho de 2022, indicam que a taxa de pobreza na Guiné-Bissau rondava os 66,6% em 2020.
Num estudo apresentado pelo Programa Mundial Alimentar refere-se, por outro lado, que a pobreza na Guiné-Bissau impede o acesso a uma alimentação saudável à maioria da população.
"O custo da dieta nutritiva, estimado em quatro dólares, seria incomportável para quase 68% da população", refere-se no estudo sobre a disponibilidade, acesso e custos associados a uma alimentação saudável no país.
MSE // VM
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