Trudeau disse no sábado que taxas sobre 30 mil milhões de dólares (28,9 mil milhões de euros) de frutas e bebidas alcoólicas norte-americanas entrarão em vigor na terça-feira, no mesmo dia em que as tarifas dos EUA entram em vigor.
O Canadá irá gradualmente "impor taxas alfandegárias de 25% sobre os produtos americanos, totalizando 155 mil milhões de dólares canadianos" [102 mil milhões de euros], anunciou.
Num discurso aos canadianos, o chefe do Governo do Canadá dirigiu-se também à população dos Estados Unidos.
"Isto terá consequências reais para vocês, o povo norte-americano, disse Trudeau, acrescentando que isso resultaria em preços mais elevados, nomeadamente no caso de bens essenciais.
O primeiro-ministro disse que muitos canadianos se estavam a sentir traídos pelo país vizinho e aliado de longa data, lembrando aos norte-americanos que as tropas canadianas lutaram ao seu lado no Afeganistão.
"As ações tomadas hoje [sábado] pela Casa Branca separaram-nos em vez de nos unirem", disse Trudeau, alertando em francês que isso poderia trazer "tempos sombrios" para muitas pessoas.
A mensagem surgiu pouco depois do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter assinado uma ordem executiva para a aplicação de taxas aduaneiras aos produtos provenientes do Canadá, do México e da China, a partir de 04 de fevereiro.
A decisão foi vista pelo Canadá como uma declaração de guerra comercial. Os analistas salientaram que, se as tarifas se mantiverem em vigor, o Canadá poderá entrar em recessão dentro de seis meses.
O decreto presidencial de Trump determina a imposição de tarifas de 10% à China, de 25% ao México e de 25% ao Canadá, exceto no petróleo canadiano, que terá tarifa de 10%.
De acordo com a Casa Branca, a ordem também inclui um mecanismo para aumentar as taxas aduaneiras em caso de retaliação destes países -- os três principais parceiros comerciais dos Estados Unidos e que no total representam mais de 40% das importações do país.
Trudeau disse também que já falou com a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, e que o Canadá e o México estão a trabalhar em conjunto para responder à decisão de Trump.
O chefe do Governo do Canadá tinha anteriormente prometido uma resposta determinada e enérgica, mas razoável à imposição de tarifas por parte dos Estados Unidos.
Trump tinha vindo a ameaçar a imposição de tarifas para garantir uma maior cooperação dos países para impedir a imigração ilegal e o contrabando de produtos químicos usados para fazer fentanil, um poderoso opiáceo que está a causar estragos nos Estados Unidos.
O Presidente republicano também tinha prometido usar tarifas para impulsionar a produção nacional e aumentar as receitas públicas.
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