Os membros do Conselho "condenam o flagrante desrespeito pela soberania e integridade territorial da RDCongo, incluindo a presença não autorizada de forças externas no leste da RDCongo, conforme relatado pelo Grupo de Peritos, e exigem a retirada imediata dessas forças".
A declaração, divulgada no domingo à noite, refere um relatório de peritos da ONU que denunciou a presença de forças ruandesas na RDCongo e o apoio do Ruanda ao grupo armado rebelde M23, que está a combater o exército congolês.
A declaração surgiu depois de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança, agendada inicialmente para hoje, mas antecipada para domingo face à tomada por parte do M23 da cidade de Goma, a capital regional do Kivu do Norte, no leste do RDCongo.
Na reunião, a diplomacia congolesa pediu ao Conselho de Segurança para impor sanções políticas e económicas contra o Ruanda.
"O Conselho de Segurança deve impor sanções específicas, incluindo o congelamento de bens e a proibição de viajar, não só contra membros identificados da cadeia de comando das Forças Armadas ruandesas, mas também contra os responsáveis políticos por esta agressão", disse a ministra dos Negócios Estrangeiros da RDCongo.
Therese Kayikwamba Wagner pediu também um "embargo total às exportações de todos os minerais rotulados como ruandeses".
A chefe da diplomacia congolesa acusou ainda o Ruanda de ter enviado mais tropas para a região leste da RDCongo, no que considerou ser um gesto de "declaração de guerra".
"Enquanto compareço aqui, um ataque de gravidade sem precedentes está a ocorrer diante dos olhos do mundo. Novas tropas ruandesas atravessaram os marcos 12 e 13 do posto fronteiriço que separa Goma [na RDCongo] de Gisenyi [no Ruanda], entrando no nosso território em plena luz do dia, numa violação aberta e deliberada da nossa soberania nacional", disse a ministra congolesa.
"Esta é uma agressão frontal, uma declaração de guerra que já não se esconde atrás de gestos diplomáticos", denunciou Wagner.
Na reunião do Conselho de Segurança, juntando-se a posições de vários países, incluindo o Reino Unido, os Estados Unidos condenaram a ofensiva do Ruanda e do M23, avisando que Washington utilizará "todos os meios ao seu alcance" contra quem alimentar o conflito.
"Condenamos nos termos mais fortes as hostilidades do Ruanda e do M23 em Goma", disse Dorothy Shea, embaixadora interina norte-americana.
O conflito entre o M23, apoiado por três mil a quatro mil soldados ruandeses, segundo a ONU, e o Exército congolês dura há mais de três anos.
A RDCongo acusa o Ruanda de querer apoderar-se das riquezas do leste do Congo, algo que Kigali nega.
VQ (RJP) // CAD
Lusa/Fim
Comentários