A votação realizada na segunda-feira terminou com um empate a sete votos, numa divisão entre os aliados dos Estados Unidos, que votaram contra, e os apoiantes da Rússia, que votaram a favor, sendo que a Suíça se absteve.

A resolução foi assim rejeitada, uma vez que não obteve os nove votos necessários, tal como tinha acontecido a uma proposta semelhante, apresentada por Washington e Tóquio no mês passado, que pretendia banir armas de destruição em massa no espaço.

"O ponto culminante da campanha russa de desinformação e dissimulação diplomática é o texto que temos diante de nós", disse o vice-embaixador dos EUA junto das Nações Unidas, Robert Wood.

Os Estados Unidos acusaram a Rússia de quererem colocar armas no espaço e disseram que, de acordo com informações confidenciais, Moscovo lançou na semana passada um satélite com capacidade bélica.

O embaixador da Rússia na ONU negou que o país esteja a tentar enganar o mundo. Apoiado por vários países, incluindo a China, Vassily Nebenzia classificou a votação como "um momento único de verdade para os nossos colegas ocidentais".

"Se não conseguirem apoiar isto, então mostrarão claramente que a sua principal prioridade continua a ser manter o caminho livre para acelerarem a militarização do espaço exterior", disse o diplomata russo.

Em 1967, seis anos depois da União Soviética e os Estados Unidos enviarem pessoas para o espaço, os dois países e o Reino Unido assinaram um tratado a declarar o espaço exterior como um bem comum global que só poderia ser usado para fins pacíficos.

"Essa medida foi importante para a prevenção de conflitos", disse Paul Meyer, antigo embaixador do Canadá para o desarmamento e membro do Outer Space Institute, com sede em Vancouver.

O tratado tornou-se ainda mais importante, defendeu Meyer, à medida que um número crescente de nações atingiu o espaço. Cerca de uma dezena de países tem capacidade para lançar naves espaciais e cerca de 80 têm satélites próprios, assim como empresas privadas.

Tudo isto poderá estar em risco em caso de um conflito militar no espaço, que poderia desativar os sistemas vitais dos quais dependem milhões de pessoas em todo o mundo, alertou o ex-diplomata.

"Temos esta atitude negativa e conflituosa entre as principais potências espaciais que parecem mais interessadas em ganhar pontos aos seus adversários em vez de se envolverem num diálogo construtivo", lamentou Meyer.

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