Durante a intervenção na Assembleia Legislativa (AL) de Macau, o mais jovem deputado do território, de 29 anos, afirmou que "os detentores do poder enfatizam repetidamente a predominância do poder executivo, o que agravou o desequilíbrio de poderes".

"A existência de um poder mais elevado, acima dos três poderes, ou seja, o poder central, e a ênfase dada repetidamente pelos detentores do poder à predominância do poder executivo, não impedem nem contrariam o facto de a estrutura política da RAEM [Região Administrativa Especial de Macau] ser concebida com base no espírito da separação de poderes", argumentou.

Sulu Sou criticou o facto de o Governo poder utilizar o poder de nomeação de deputados ou de dissolução da assembleia "para afetar o poder legislativo".

Dos 33 deputados com assento na AL, 14 são eleitos por sufrágio direto, 12 por sufrágio indireto e sete são nomeados pelo chefe do Executivo.

"O poder de iniciativa legislativa dos deputados está limitado, o que dificulta a liderança direta da ordem do dia política em representação da opinião pública e a promoção da responsabilização do Governo perante toda a população", denunciou.

Esta situação agrava-se, argumentou, porque Macau tem um Governo não eleito por sufrágio universal que "domina todo o ambiente político".

O líder do Governo de Macau é eleito por uma comissão eleitoral composta por 400 membros, representativos dos quatro setores da sociedade.

A Lei Básica de Macau (míni-Constituição) define os quatro setores da sociedade como: industrial, comercial e financeiro; cultural, educacional, profissional; do trabalho, serviços sociais, religião; representantes dos deputados à Assembleia Legislativa e dos membros dos órgãos municipais, deputados de Macau à Assembleia Popular Nacional chinesa e representantes dos membros de Macau no Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês.

"Qualquer poder público tem de sujeitar-se ao controlo e equilíbrio eficazes, sob pena de acabar por gerar corrupção e tirania e por prejudicar a liberdade, segurança e interesses do povo", avisou Sulu Sou.

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