Agendado para dia 15, o concerto inaugural do projeto "100 Paredes" (que é também um documentário com acervo audiovisual de Carlos Paredes, concebido pelo diretor artístico André Varandas), terá em palco, no convento São Francisco, para além da guitarra portuguesa do diretor musical e guitarrista Bruno Costa, um coro e orquestra comunitária, num total de 200 participantes.
Em declarações à agência Lusa, Bruno Costa notou que a homenagem nasceu da vontade dos dois amigos em celebrarem os 100 anos de Carlos Paredes.
À ideia original de lançamento de um disco, um LP que já está gravado, a homenagem concebida pelos dois amigos "estendeu-se a um programa multidisciplinar concebido na cidade natal do mestre", acrescentou André Varandas, sobre uma iniciativa que acabou por reunir a Universidade e o município de Coimbra, para além de 15 autarquias parceiras a nível nacional e outras entidades.
"É um programa alargado que vai ter cerca de 80 eventos e iniciativas, no circuito nacional e internacional em 2025", revelou.
André Varandas destacou a "obra e legado incrível" do mestre da guitarra portuguesa e a sua vocação multidisciplinar, já que, para além da música, Carlos Paredes trabalhou com teatro, cinema ou dança e com várias influências, da música clássica à música popular.
O programador, especializado em projetos de intervenção artística sociocomunitária, frisou que "100 Paredes" foi concebido em Coimbra, destacando esta particularidade: "O Carlos Paredes foi o primeiro dos primeiros a conseguir e universalizar a escola de Coimbra da guitarra. Levou esta linguagem para fora, e para Lisboa, mas nitidamente é Coimbra que está na sua música".
Especializado em criar espetáculos muito focados na identidade do território e no património material e imaterial, André Varandas reconheceu estar 'na sua praia' ao trabalhar na vida e na obra de Paredes.
"O que faço é criar os espetáculos em termos de direção artística, ou seja, agregar as linguagens de outras pessoas e dar-lhes um sentido estético e uma história".
Segundo os responsáveis pela direção artística e musical do "100 Paredes", o espetáculo reúne, sob a liderança do maestro Artur Pinho Maria, um grande coro comunitário e grande orquestra, nascidos da colaboração e integração com coletivos artísticos de cada município, desde associações culturais a bandas filarmónicas, passando por escolas de música e grupos de teatro.
"O projeto assume-se como uma ferramenta para a inclusão das comunidades locais, criando novos e diversos públicos. Este foi o ponto primordial", observou André Varandas.
Contando também com novos arranjos exclusivos do compositor brasileiro Rodrigo Morte, o programador artístico frisou que no espetáculo a obra de Carlos Paredes "vai ganhar uma grande contemporaneidade, empurrando a todos a pensar o futuro, sem a cristalizar".
Questionado pela Lusa sobre se isso significa que se pode ter um Carlos Paredes eletrónico, Bruno Costa negou esse cenário: "A obra de Carlos Paredes será integralmente respeitada, sendo que, obviamente, até pelas orquestrações e pela dinâmica do próprio espetáculo, possa haver algumas alterações, não da peça, mas da forma como ela é levada ao público".
"O espetáculo vai ser muito dinâmico, muito rico, e as pessoas vão ouvir e perceber que é uma coisa grandiosa, mas que respeita, na íntegra, aquilo que foi a obra do mestre".
O projeto "100 Paredes" integra a programação nacional "Variações para Carlos Paredes", criada para assinalar os 100 anos do nascimento do músico que nasceu em Coimbra a 16 de fevereiro de 1925 e morreu em Lisboa, a 23 de julho de 2004.
JLS // SSS
Lusa/Fim
Comentários