"Nós temos muita confiança que o nosso partido, orientado pelo camarada Daniel Chapo, vai continuar a crescer, não só em quantidade, mas também e sobretudo em qualidade", disse Joaquim Chissano, durante um discurso por ocasião da tomada de posse de Daniel Chapo para presidente da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo).

Para Chissano, sob a liderança de Daniel Chapo, também Presidente da República de Moçambique, os membros da Frelimo vão também trabalhar "como povo" e com os diferentes pontos de vista visando construir um "edifício sólido" que resista às "grandes tempestades".

"Ele [Daniel Chapo] já começou a fazer a interação com outras forças vivas do nosso país, precisamente por saber que nós somos um só povo e queremos ser um só povo, não queremos que ninguém nos venha dividir, queremos construir para o usufruto do nosso povo", referiu Chissano.

O ex-presidente moçambicano espera também que Daniel Chapo faça uma síntese do trabalho realizado pela Frelimo, revendo os sucessos e dificuldades do partido, um exercício para o qual Chissano pede também a contribuição de outros membros.

"Nós temos este sexto presidente da Frelimo que precisa de ser acompanhado, precisa dos nossos pontos de vista, por mais contrários que sejam, mas são pontos de vista que ele precisa para nos aglutinar, é aquilo que nós vamos contribuir de boa-fé, não é para estigmatizá-lo, mas é para ajudá-lo a ver todos os problemas que nos preocupam", referiu o ex-chefe de Estado moçambicano.

O Presidente moçambicano, Daniel Chapo, assumiu oficialmente hoje a liderança da Frelimo, partido no poder, com apelos à união, paz e coesão.

Chapo, que era candidato único à sucessão de Filipe Nyusi, foi eleito numa reunião do Comité Central do partido, que juntou 254 membros efetivos do órgão na Matola, nos arredores da capital moçambicana, Maputo.

"Este é um momento especial para o nosso partido e igualmente um momento de muita responsabilidade. Estamos a assumir o partido que começou o sonho para construção deste Moçambique", declarou, após ser empossado.

Todos os anteriores Presidentes de Moçambique foram também presidentes da Frelimo, partido no poder desde 1975, e que agora também tem a maioria absoluta no parlamento, 171 assentos.

De acordo com os estatutos da Frelimo, o Comité Central tem a competência de "eleger, entre os seus membros, por maioria de dois terços, o presidente do partido, no caso de substituição por morte, renúncia ou incapacidade", sob proposta da comissão política, pelo que, face à saída de Nyusi antes do final do mandato, não será necessário convocar um congresso.

Formado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, em 2000, Daniel Francisco Chapo, de 48 anos, nasceu em Inhaminga, província de Sofala, centro de Moçambique, em 06 de janeiro de 1977, sendo por isso o primeiro Presidente nascido já depois da independência do país (1975).

Apontado pela Frelimo como uma "proposta jovem", assumiu em 15 de janeiro a Presidência moçambicana no ano em que o país assinala 50 anos de independência, um período marcado, entretanto, pela maior contestação aos resultados eleitorais desde as primeiras eleições, em 1994.

Desde outubro, pelo menos 327 pessoas morreram, incluindo cerca de duas dezenas de menores, e cerca de 750 foram baleadas durante os protestos, de acordo com a plataforma eleitoral Decide, organização não-governamental que acompanha os processos eleitorais.

São manifestações e paralisações convocadas, primeiro, pelo antigo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados. Na rua, hoje, os protestos são maioritariamente assumidos por jovens, que questionam os 50 anos da governação da Frelimo e, além do argumento da verdade eleitoral, incluem, como motivações, o desemprego e a baixa escolaridade, que afeta um terço dos cerca de 9,4 milhões de jovens moçambicanos.

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