Vasco Pereira esteve esta manhã a ser ouvido na comissão eventual de inquérito parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução, uma audição que não fazia parte do lote inicial aprovado pelos deputados, mas que foi pedida pelo PSD no decurso dos trabalhos desta comissão.

O deputado da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, perguntou a Vasco Pereira se, desde que assumiu a supervisão, o Banco de Portugal "sabia que o BES e o conjunto de entidades que à volta do banco gravitavam não estavam a ser transparentes" com o supervisor. "Ponhamos a coisa em termos de termos indícios em algumas matérias de que isso podia estar a acontecer", começou por responder.

Perante a insistência de Cotrim Figueiredo, o ex-diretor de supervisão do BdP foi perentório: "As nossas convicções é que havia informação que podia ser relevante para a supervisão e que nós não a estávamos a ter".

Para o deputado liberal, destas declarações a conclusão é que "basicamente o que o BES esteve a fazer foi a ludibriar o Banco de Portugal durante anos", tendo os responsáveis do supervisor "consciência disso mesmo".

"E refugiam-se em processos como este da nota informativa de 25 de fevereiro onde consta esta extraordinária frase de que 'se passássemos a consolidar a outro nível se calhar víamos os eventuais impactos das performances negativas dessas entidades e teriam impacto imediato no consumo de capital do banco, situação que não deixa traduzir a verdade dos factos'", criticou o deputado da Iniciativa Liberal.

Na parte final da audição, e no período de perguntas do deputado do PSD Alberto Fonseca, Vasco Pereira considerou que não podia dizer "que a supervisão falhou só porque houve este acidente grave, gravíssimo do BES".

"O exercício da supervisão, ele próprio, envolve riscos. E o risco é do objetivo que pretende não ser atingido, porque há risco e isso tem a ver com a forma como se trabalha, com as competências que temos, com a dimensão de recursos, com os instrumentos que temos para atuar. Tudo isso influencia o resultado da supervisão", justificou.

Para o ex-diretor no BdP, avaliar a supervisão por um acidente não é justo.

"É um acidente grave, não há dúvida. É se como relativamente à Polícia de Viação -- que hoje já não existe -- dizer que não atua e é ineficaz porque houve um acidente. A questão não está aí, é quantos acidentes é que a polícia evitou", comparou.

JF/JE // JNM

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