Tudo o que é possível fazer num posto da GNR, como fazer denúncias, atos administrativos ou somente tirar dúvidas, passa a ir ao encontro das populações.
"Temos a noção que há informação que se perde por dificuldades das pessoas se deslocarem. E isto nos dois sentidos - informação que não nos transmitem porque têm dificuldade em deslocar-se e informação que nós não transmitimos porque as pessoas não se deslocam. Então o que é que nos fazemos? Temos de trazer o sentimento de segurança às pessoas", explicou o Oficial de Comunicação e Relações Públicas do Comando Territorial de Bragança, Tenente-Coronel Eduardo Gonçalves Lima.
A carrinha, que antes tinha utilidades logísticas, foi integralmente recuperada pelo efetivo do Comando Territorial e trabalhada para esta missão.
"(...) É autónoma em termos energéticos, de comunicações e de rede informática (...) para que possa desempenhar todas as funções de um posto territorial, neste caso, com rodas", detalhou o Tenente-Coronel Eduardo Gonçalves Lima.
A Lusa acompanhou a visita a Murçós, a cerca de 30 quilómetros da sede de concelho, Macedo de Cavaleiros, onde a chegada do posto móvel gerou curiosidade.
Na aldeia moram cerca de 60 pessoas, segundo a junta de freguesia. Quem por ali passava, a maioria idosos, foi-se juntando, no largo da Igreja, para perceber ao que se devia a presença dos militares.
João Batista Rodrigues, de 81 anos, foi o primeiro a entrar na parte traseira da viatura, equipada com mesa e cadeiras. Confessou que, ao princípio, ficou surpreendido porque nunca tinha visto "tanta GNR de uma vez" por ali.
"Eu acho muito bem e nós estamos contentes por isto. É uma grande coisa para nós, que estamos, como em todas as aldeias, isolados. Não saímos daqui para lado nenhum. Acho bem que haja estes apoios para a gente se desenrascar melhor (...). À gente é sempre complicado ir tratar de certas coisas e eu já não tenho idade", alegrou-se o idoso, depois de se inteirar desta novidade.
Para se deslocar à cidade, e poder aceder a serviços como os da GNR, João, que não tem "nem mota, nem carro, nem coisa nenhuma", teria de usar os transportes à disposição.
"(...) Se tiver de ir é na carreira, com os garotos das escolas. Tenho de madrugar e sair daqui às 07:00. E vir só à noite, às 19:00. Às quarta e sextas-feiras vêm um bocadinho mais cedo", descreveu o senhor João.
A outra alternativa é chamar um táxi, que cobra 25 euros só para a ida.
Além do atendimento disponibilizado, a ideia é ir agregando, ao longo do ano, outras valências da GNR.
Neste caso, em Murçós, uma dupla da Secção de Prevenção Criminal percorreu as ruas para deixar conselhos aos mais velhos no âmbito da campanha Censos Sénior, que está em curso.
Noutras alturas serão outros os motivos para abordar as populações, como, por exemplo, a prevenção de incêndios florestais e rurais e a limpeza dos terrenos.
Desta vez, o senhor João não tinha nada a reportar à GNR. "Mas pode suceder de um momento para o outro a gente precisar", enfatizou.
"Vamos tentar deslocar-nos de concelho a concelho, chegar aos núcleos mais afastados, e depois verificar quais os dias em que vamos voltar aos locais", partilhou Eduardo Gonçalves Lima.
A carrinha da GNR tem ficado a manhã ou a tarde nas localidades onde tem passado, porque serem vistos ao longo do dia deixa as pessoas a sentirem-se mais seguras do que só a passagem habitual das patrulhas, considerou o Tenente-Coronel.
O objetivo é ter o posto móvel numa localidade diferente todos os dias quantos as operações diárias permitam alocar recursos humanos.
Para já, as visitas vão ser projetadas mensalmente e comunicadas às juntas de freguesias e câmaras municipais, para que as divulguem às populações. As datas vão também ser anunciadas através das redes sociais.
Em Macedo de Cavaleiros a GNR passou, além de Murçós, por Vilarinho de Agrochão e Lombo. Para a semana, o posto móvel vai estar pelo concelho de Bragança.
TYR // LIL
Lusa/Fim
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