João Cotrim Figueiredo considerou que "sempre que um Estado decide tributar aquilo que se considera lucros extraordinários, algo extraordinariamente difícil de definir, fica imediatamente aberto a ter que apoiar empresas que tenham prejuízos extraordinários, que é outro conceito difícil de definir".

"Um liberal não pode estar de ânimo leve a admitir que haja interferências no mercado, quer quando as coisas correm inesperadamente bem às empresas, quer quando correm inesperadamente mal", declarou João Cotrim Figueiredo, à margem de uma visita que realizou à Nelo, empresa de caiaques e canoas de alto desempenho, localizada em Vila do Conde (Porto).

Cotrim Figueiredo comentava a decisão anunciada no domingo pelo chanceler alemão, Olaf Scholz, de que o seu governo germânico, de que os liberais fazem parte, pretende usar os lucros excecionais ('windfall profits') das empresas de energia para reduzir a fatura energética dos consumidores.

O líder da IL exemplificou que o seu partido não seria favorável à "intervenção" do Governo português na banca quando decidiu injetar 20 mil milhões de euros para apoiar vários bancos" no passado recente.

"No momento em que foi necessário" intervir na banca em Portugal" e onde se "injetaram mais de 20 mil milhões de euros nos vários bancos que tiveram problemas, a IL não seria favorável a essa intervenção, porque os prejuízos eram privados e, portanto, deviam ter sido resolvidos privadamente", afirmou.

Segundo João Cotrim Figueiredo, em alturas de emergência, é preciso "ter muito cuidado para não ter precedentes e não abrir a porta a questões e problemas que mais tarde se tornam ainda mais difíceis de fazer com que Portugal se desenvolva".

A Nelo, empresa que emprega cerca de 200 trabalhadores, registou em 2021 um volume de negócios na "ordem dos 10 milhões de euros" e para este ano o volume de negócios estimados é idêntico", adiantou à Lusa Manuel Ramos, presidente da empresa.

CCM // JPS

Lusa/Fim