
O anúncio foi feito pelo diretor, o padre Daniel Alexander de França, sublinhando a importância de os venezuelanos começarem a aprender a língua portuguesa desde crianças, abrindo portas a outras culturas e nações.
"É muito importante que as crianças aprendam a língua [portuguesa] desde tenra idade, porque é a melhor altura para aprender. As crianças são como uma espécie de pequena esponja, absorvem tudo o que lhes chega e isso é muito importante para os nossos alunos, para além do facto de abrir as portas a outras culturas, a outras nações", disse.
Daniel Alexander de França falava à Agência Lusa à margem da 1.ª Feira da Língua Portuguesa, que reuniu pequenos 'stands' sobre Portugal e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (Portugal, Brasil, Angola, Guiné-Bissau, Moçambique, Cabo Verde, Santo Tomé e Príncipe, e Timor-Leste), com informação sobre a história, gastronomia, sistema de governo, música e escritores, entre outros.
"Hoje é um dia de júbilo, de alegria para nós. Foi possível desfrutar do trabalho dos nossos alunos demonstrando a sua aprendizagem e a feira representa também os laços que existem entre o nosso colégio e a Venezuela com Portugal", disse precisando que desde 2023, pelo menos 80 alunos frequentam aulas de português a distintos níveis, como matéria extracurricular.
Por outro lado, o coordenador do Instituto Camões, Rainer Sousa, congratulou-se com a intenção do Colégio Don Bosco de avançar com o português como uma língua de estudo dentro da escola.
Em declarações à Lusa, explicou que se trata de um colégio muito conhecido em Caracas, tendo-se convertido numa referência do ensino do português no leste da capital da Venezuela, onde até 2023 nenhuma escola ensinava a nossa língua.
"Nesta feira da lusofonia, os miúdos descobrem, não somente como o português é falado em Portugal, como também que é uma língua intercontinental falada em vários continentes, por várias culturas, em vários países. Isto obviamente enriquece este espaço da lusofonia que tanto falamos e tanto defendemos, como professores de língua portuguesa e representantes do Instituto Camões no estrangeiro", disse.
Explicou ainda que atualmente há 60 escolas a ensinar a língua portuguesa na Venezuela a perto de 13.500 alunos, grande parte deles venezuelanos de diferentes origens.
Sobre os motivos para aprender português apontou principalmente a proximidade com o Brasil e a familiaridade dos venezuelanos com a cultura portuguesa através dos imigrantes lusos que vivem na Venezuela, um país onde reside uma das maiores comunidades portuguesas no mundo.
"Os venezuelanos estão acostumados a lidar com portugueses e sentem curiosidade em aprender a língua desse amigo, desse vizinho que tanto gostam e apreciam. Reconhecem também o potencial da nossa língua em termos de oportunidades profissionais", disse.
A professora de português Janette Rodrigues Pita explicou à Lusa que a 1.ª Feira da Língua Portuguesa foi preparada ao longo dos últimos três meses e que foi um trabalho que envolveu também os pais dos alunos e o pessoal do colégio.
Explicou também que a pronúncia (o sotaque) é a principal dificuldade dos venezuelanos ao aprender português.
"Eles aprendem a gramática muito rapidamente e acham muito engraçado que há palavras que se escrevem igual em português e castelhano, embora com significados diferentes, por exemplo 'oficina' [escritório em castelhano], que é uma coisa em português e outra em espanhol", disse.
Explicou ainda que os venezuelanos têm boa compreensão da leitura e gostam muito dos diálogos feitos com marionetes e da música moderna portuguesa.
FPG // MDR
Lusa/Fim
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