"As famílias estão muito desapontadas. O que eles querem é que a atenção seja dirigida para estes dois jovens, que eram mais do que vítimas de assassinato. Eram indivíduos extraordinários, grandes filhos, irmãos e amigos", disse à agência Lusa o advogado das famílias, Bill Kennedy.

Daniel de Abreu, de 29 anos, e Safiro Furtado, de 28, foram assassinados na noite de 16 de julho de 2012.

Os dois jovens trabalhavam em limpezas e viviam na mesma zona de Massachusetts, estado onde existe uma numerosa comunidade cabo-verdiana.

"O que fica com as famílias é que Daniel Abreu e Safiro Furtado foram-lhes roubados demasiado cedo. O veredicto do júri não altera a perda que as famílias estão a sentir. Eles agradecem a todos os que mantiveram os dois jovens nas suas preces e pensamentos", acrescentou o advogado.

Dos oito crimes de que era acusado, o antigo atleta foi apenas considerado culpado, depois de 37 horas de deliberação, de posse de arma ilegal, pelo qual foi condenado a entre 4 a 5 anos de prisão.

Hernandez continuará a cumprir pena perpétua sem direito a saída precária, no entanto, devido ao assassinato de um amigo, Odin Lloyd, pelo qual foi condenado em 2015 (na altura, a acusação defendeu que Hernandez matou Lloyd para o silenciar em relação aos crimes dos cabo-verdianos).

A estratégia de Hernandez, desenhada pelo célebre advogado Jose Baez, teve sucesso com o júri, que se reuniu durante seis dias até decidir pela inocência.

Baez defendeu no julgamento que terá sido o amigo que estava com Hernandez na noite dos crimes, Alexander Bradley, que disparou sobre os cabo-verdianos, o que levantou a dúvida entre o júri.

Hernandez foi também considerado inocente de ter disparado sobre Bradley (que perdeu um olho no ataque), meses depois do assassinato dos cabo-verdianos.

O procurador responsável pela acusação, Patrick Haggan, defendeu no início do julgamento que Abreu e Furtado foram mortos por causa de "um simples encontrão, uma bebida despejada e uma troca de olhares" numa discoteca de Boston.

A acusação apresentou mais de oitenta provas, que incluem testemunhas oculares, gravações de vigilância, o carro usado e a arma do crime, que mostram o que aconteceu na noite de 16 de julho de 2012.

"As sementes para estes homicídios foram plantadas meses antes, talvez um ano antes. Nesses meses, por várias vezes o acusado disse que se sentia a ser testado, desrespeitado e ameaçado sempre que estava na rua", explicou o procurador.

Quando o grupo de cinco cabo-verdianos entrou no seu carro, Hernandez ter-se-á aproximado e disparado cinco tiros, matando os dois jovens e ferido um terceiro.

Foi isto que testemunhou Alexander Bradley em tribunal, mas o júri não acreditou no seu depoimento.

Quando foi detido, Aaron Hernandez tinha um contrato de 41 milhões de dólares com os New England Patriots, a equipa de Massachusetts que venceu o Super Bowl na última época.

AYS

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