Durante a conferência de imprensa em que apresentou o pacote de medidas de luta contra o novo coronavírus aprovadas em Conselho de Ministros, o chefe do executivo sublinhou que daquele montante, "a maior mobilização de recursos económicos da história recente de Espanha", 117 mil milhões serão "inteiramente públicos" e os restantes privados.

O Estado espanhol vai assim disponibilizar às empresas garantias (avales) no valor de 100 mil milhões de euros, o que permitirá a mobilização de um total entre 150 mil e 200 mil milhões de euros, se se acrescentar a parte do setor privado, disse o chefe do Governo.

Pedro Sánchez acrescentou que o Estado vai fornecer toda a liquidez necessária ao tecido empresarial para resolver os problemas económicos decorrentes da queda da atividade e, assim, evitar problemas de solvência.

Madrid vai também dedicar 30 milhões de euros para que laboratórios espanhóis investiguem uma vacina contra o coronavírus responsável pela pandemia de Covid-19, considerando Pedro Sánchez que o reforço da investigação nesta área é "algo fundamental".

O Governo espanhol decidiu ainda alterar a regulamentação do investimento estrangeiro para evitar que empresas de países fora da União Europeia (UE) assumam o controlo de entidades espanholas em setores considerados estratégicos, aproveitando a sua queda na bolsa.

O objetivo é evitar que empresas espanholas de setores estratégicos acabem nas mãos de outras empresas "aproveitando a queda estrutural do valor de suas ações na bolsa nesta situação de crise económica e extrema volatilidade nos mercados financeiros em que vivemos", disse Sánchez.

O chefe do Governo admitiu que não há um "manual infalível" e "há margem para erros" na luta contra o coronavírus, embora tenha sublinhado que agora é tempo de se unirem esforços e que haverá depois um tempo para avaliar a gestão desta crise.

"Não há certezas absolutas" perante esta emergência, disse o primeiro-ministro espanhol, acrescentando que é "humano" sentir preocupação e confusão numa situação sem precedentes como esta.

Mas trata-se de uma crise "temporária" que "vamos superar", disse Sánchez antes de apelar a todos para ajudarem a superar este momento de dificuldades.

"A nossa esperança é que o 'estado de emergência' dure o menos tempo possível, porque isso significará o regresso à normalidade rapidamente, assim como às nossas tarefas diárias", destacou o chefe do governo.

O Governo também aprovou a aceleração dos chamados em Espanha 'Processos de Regulação Temporário do Emprego' (despedimento coletivo) devido à crise provocada pelo coronavírus e que todos os trabalhadores afetados terão o direito a receber o subsídio de desemprego, não sendo o tempo passado no desemprego contabilizado como tempo perdido.

"Apelo aos empregadores: não demitam trabalhadores, é uma crise temporária", pediu Sánchez, que agradeceu a ajuda e a colaboração dos empregadores e dos sindicatos, bem como da oposição e dos presidentes regionais na tomada de decisões sobre estas medidas.

Por outro lado, as famílias mais afetadas pela crise poderão tirar partido de uma moratória que as liberta do pagamento das hipotecas durante um período de tempo, informou Sánchez, sem, no entanto, ter dado detalhes sobre quem poderá tirar proveito dela ou por quanto tempo.

Ninguém vai perder a sua casa nesta crise e ninguém será despejado da sua habitação, assegurou o chefe do executivo espanhol.

O Governo espanhol aprovou no último sábado o 'estado de emergência' com medidas "drásticas" para combater o novo coronavírus que incluem a proibição a todos os cidadãos de andar na rua, a não ser para irem trabalhar, comprar comida ou à farmácia.

Todas as forças policiais do país, incluindo as que são da responsabilidade das autoridades regionais, passam a estar debaixo das ordens do ministro do Interior (Administração Interna).

A Espanha é um dos países mais atingidos com a pandemia Covid-19, tendo registado até hoje 11.178 casos positivos desde o início do surto, dos quais 491 pessoas morreram e 1.098 foram curadas.

O coronavírus responsável pelo Covid-19 já infetou mais de 180 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 7.000 morreram.

O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se por mais de 145 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

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