A quinta edição do festival "Fogo Coffee Fest", arrancou sexta-feira à noite, no município dos Mosteiros, no Fogo, com a presença do Presidente da República cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, que ouviu dos produtores apelos para que exerça a sua magistratura de influência para conseguir mais apoios à promoção da cultura do café na ilha.
O festival coincide com o início da época da colheita do café, que irá prologar-se até meados de abril.
Sidónio Monteiro, que falou em representação dos proprietários e produtores de café, sublinhou o sentimento reinante de que tem havido pouco investimento na promoção do cultivo do café.
"A câmara está a fazer um grande papel na promoção do café, queremos continuar a produzir mais e melhor café, mas a sensação que se tem é que tem havido pouco investimento", disse, citado pela agência cabo-verdiana de notícias Inforpress.
Os produtores querem apoios, nomeadamente na correção torrencial dos solos para o aumento das culturas, bem como na construção de acessos às zonas altas do município dos Mosteiros, com reconhecido potencial para o cultivo do café.
Manuel Barros, outro produtor, considerou que o investimento nos acessos facilitaria o transporte das plantas e a expansão das áreas de cultivo, bem como o transporte do café na altura da colheita.
Para este produtor, estas medidas teriam igualmente impacto do ponto de vista da promoção do turismo associado ao café.
Por seu lado, a câmara dos Mosteiros, promotora do festival quer ver o café reconhecido, numa primeira fase, como património nacional, não descartando, posteriormente, uma candidatura à classificação como património natural da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
"O nosso café, outrora condenado ao declínio, senão ao desaparecimento, operou nos últimos tempos uma pequena revolução, graças a realização do festival", disse o autarca Jaime Monteiro Júnior.
Para este responsável, o café do Fogo "renasceu" e surge em nichos de mercado internacionais como produto de qualidade.
A câmara quer também sensibilizar os proprietários, guardadores e apanhadores do café e os operadores turísticos no sentido de inserir a ilha no circuito internacional de turismo relacionado com o café, bem como avançar com a criação de um museu do café.
Quanto à colheita deste ano, os produtores concordam que não é satisfatória, mas dividem-se entre os que acham que foi melhor que no ano passado e os que entendem que não.
A empresa Fogo Coffee Spirit, que em 2017 adquiriu cerca de 80 toneladas de grãos, estima este ano comprar 50 toneladas.
Alguns produtores optaram por não vender o café e a empresa rejeitou também grãos de menor qualidade.
A Fogo Coffee Spirit é uma "joint venture" entre uma empresa holandesa e outra cabo-verdiana e a Associação dos Produtores do Café dos Mosteiros "Pro Café".
A empresa tem um projeto de promover o café e o país a nível internacional, sendo responsável pela colocação do café do Fogo na cadeia norte-americana Starbucks.
Em 2017, foi responsável pela exportação de 11 toneladas de café para os Estados Unidos.
Rússia, Japão, Holanda, Itália e Alemanha são outros países para onde o café do Fogo é exportado.
Cultivado na área montanhosa e fértil do município dos Mosteiros, em zona de microclima, o café do Fogo foi certificado internacionalmente como café orgânico.
Durante o período colonial, foi várias vezes distinguido como "o melhor café do império", tendo sido apresentado, no início do século XX, na Exposição Universal de Paris.
CFF // PMC
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