"O inimigo sabe perfeitamente que estamos preparados para o pior (...). Sabe que nenhum local (...) será poupado pelos nossos mísseis", assinalou num discurso transmitido pela televisão, acrescentando: "Deve esperar-nos por terra, por mar e por ar".
No seu discurso, Nasrallah também ameaçou o Chipre caso a ilha decida disponibilizar os seus aeroportos e bases a Israel em caso de guerra contra o seu movimento no Líbano.
"A abertura dos aeroportos e de bases cipriotas ao inimigo israelita para atacar o Líbano significaria que o Governo cipriota é parte integrante da guerra", afirmou.
No seu discurso, o clérigo xiita libanês assegurou que a sua formação possui atualmente mais de 100.000 combatentes e revelou que diversos movimentos aliados se ofereceram para enviar milícias ao Líbano para combater Israel.
"Ultrapassámos os 100.000 combatentes e que ultrapassam as necessidades da frente [de combate], incluindo nas piores condições de uma guerra", garantiu Nasrallah.
Nesse sentido, acrescentou que os líderes de diversas formações regionais "de resistência" contactaram o Hezbollah para o envio de combatentes para o Líbano, sugestão de momento recusada devido ao "número suficiente de membros" nas suas fileiras.
"Dissemos-lhes que o que temos é suficiente, incluindo demais, para a batalha", referiu Nasrallah na sua intervenção.
Na terça-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Israel Katz, ameaçou o Hezbollah de destruição na sequência de uma "guerra total", num momento em que se intensificam os confrontos transfronteiriços entre o Exército de Telavive e o movimento libanês.
"Estamos muito próximo do momento em que decidiremos alterar as regras do jogo contra o Hezbollah e o Líbano. Numa guerra total, o Hezbollah será destruído e o Líbano duramente atingido", afirmou Katz através de um comunicado oficial e numa mensagem publicada na rede social X.
Em paralelo, o Hezbollah confirmou hoje a morte de três combatentes na sequência de ataques israelitas no sul do Líbano, e quando um enviado norte-americano regressou a Israel após encontros com responsáveis oficiais libaneses.
Os 'media' libaneses referiram-se a múltiplos ataques israelitas ao longo da fronteira e numa região a norte da cidade costeira de Tiro, a cerca de 30 quilómetros da fronteira.
O poderoso movimento xiita libanês não especificou o local e o momento da morte dos três combatentes, indicou a estação televisiva Al Manar, vinculada a esta formação, que até agora confirmou cerca de 350 mortos em combate.
Por seu turno, os militares israelitas indicaram que dois disparos de lança-foguetes pelo Hezbollah danificaram vários veículos no norte de Israel.
Amos Hochstein, enviado especial do Presidente dos Estados Unidos Joe Biden, regressou a Israel após encontros mantidos na terça-feira no Líbano. Não foram reveladas informações sobre eventuais progressos nos esforços para evitar uma guerra em larga escala na região.
Ainda em Beirute, Hochstein afirmou que uma solução "política e rápida" do conflito "é do interesse de todos", antes de frisar a necessidade de "impedir uma maior escalada entre Israel e o Líbano e uma guerra aberta", apesar de a situação na fronteira "ser extremamente perigosa".
Os confrontos transfronteiriços entre Israel e o Hezbollah, aliado do Hamas, eclodiram na sequência da incursão do movimento islamita palestiniano em Israel em 07 de outubro de 2023, com uma imediata e arrasadora intervenção do Exército israelita na Faixa de Gaza.
O Hezbollah afirma que já efetuou mais de 2.100 operações militares contra Israel desde 08 de outubro, e na semana passada intensificou os seus ataques contra alvos militares no norte do país após a morte de um dos seus principais comandantes num ataque aéreo israelita.
Mais de oito meses de violência provocaram pelo menos 473 mortos no Líbano, na maioria combatentes do movimento xiita libanês, e 92 civis, indica a agência noticiosa AFP.
Segundo Israel, foram mortos no mesmo período 15 soldados e 11 civis israelitas.
A guerra em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano em solo israelita, em 07 de outubro, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Em represália, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que já provocou mais de 37 mil mortos, de acordo com o Hamas, que controla o território desde 2007.
PCR // SCA
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