Na quinta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa lamentou que este encontro tenha o "mínimo dos mínimos" de presenças e disse esperar que se inicie um "novo ciclo" para esta comunidade na próxima cimeira, prevista para daqui a dois anos, em Espanha - que já deverá acontecer depois do fim do seu mandato, que termina em março de 2026.
A cimeira de Cuenca conta com as presenças dos chefes de Estado de Portugal, de Espanha, Felipe VI, e do Equador, país anfitrião, Daniel Noboa, e do chefe do Governo de Andorra, Xavier Espot Zamora -- uma inédita predominância europeia perante as ausências de todos os restantes 18 países-membros latino-americanos.
Portugal está também representado nesta cimeira pela ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel.
A sessão plenária da 29.ª Cimeira Ibero-Americana, que tem como tema "Inovação, inclusão e sustentabilidade", em que Marcelo Rebelo de Sousa irá intervir, terá início pelas 09:30 locais (14:30 em Portugal continental, onde são mais cinco horas).
O Presidente da República seguirá ao fim do dia para Quito, onde no sábado terá um encontro com representantes da comunidade portuguesa no Equador, antes de viajar de regresso a Portugal.
Marcelo Rebelo de Sousa chegou na quarta-feira a Cuenca, a terceira maior cidade do Equador em população, situada na cordilheira dos Andes, a cerca de 2.500 metros de altitude.
Na quinta-feira, antes da cerimónia inaugural da cimeira, participou numa reunião sobre o Programa Ibero-Americano de Deficiência, à margem da qual teve um curto encontro bilateral com Felipe VI de Espanha, e no 15.º Encontro Empresarial Ibero-Americano.
A cimeira de Cuenca acontece num contexto de seca e crise energética no Equador, com cortes diários de eletricidade, que se soma a graves problemas de violência neste país da América do Sul.
Excecionalmente, nestes dias, os cortes de eletricidade não abrangem esta cidade andina, onde é visível um reforço de segurança armada nas ruas do centro histórico, classificado como património mundial pela Unesco, pelas quais Marcelo Rebelo de Sousa deu passeios a pé, de noite e de dia, entre a população.
No plano político e diplomático, o México cortou relações com o Equador por causa da invasão da embaixada mexicana em Quito em abril deste ano para deter o ex-vice-presidente do Equador Jorge Glas, caso que suscitou críticas mais alargadas sobretudo na América Latina.
Para as ausências na ibero-americana de Cuenca contribuiu a sua coincidência com uma cimeira do fórum de Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC), na mesma semana, em Lima, Peru, com as presenças dos presidentes dos Estados Unidos da América, Joe Biden, e da China, Xi Jinping.
Por outro lado, o Brasil prepara uma reunião do G20, no Rio de Janeiro, para a semana seguinte, na qual o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, estará como convidado.
A comunidade ibero-americana é composta por três países europeus, Portugal, Espanha e Andorra, e 19 latino-americanos: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai, Venezuela, México, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Panamá, Cuba e República Dominicana.
A primeira cimeira desta comunidade realizou-se em 1991, em Guadalajara, México. Os encontros foram anuais até 2014, quando passaram a ser de dois em dois anos.
Quase sempre, Portugal tem estado representado conjuntamente pelos chefes de Estado e do Governo. Assim aconteceu nas cimeiras de Cartagena das Índias, na Colômbia, em 2016, de Andorra, em 2021, e de Santo Domingo, na República Dominicana, em 2023.
Em 2018, na 26.ª Cimeira Ibero-Americana, na cidade histórica de Antiga, na Guatemala, só esteve o Presidente da República.
IEL // SF
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