Cerca de duas mil pessoas concentraram-se em frente à embaixada dos EUA em Copenhaga, enquanto perto de mil se reuniram no centro de Aarhus, a segunda maior cidade da Dinamarca, para mostrar a sua solidariedade para com a ilha ártica.

"A Gronelândia está a ser alvo de uma pressão desproporcionada por parte dos EUA. Sempre foi um país pacífico, nunca tivemos este pensamento de crise, é algo de novo", explicou à agência de notícias espanhola EFE Henriette Berthelsen, uma das organizadoras do protesto em Copenhaga.

A enfermeira gronelandesa, que vive na Dinamarca há décadas, admite sentir-se impotente perante as ameaças dos EUA e considera que uma manifestação deste género é a sua forma de assumir a sua responsabilidade e de mostrar o seu apoio à Gronelândia.

O protesto ocorre um dia após a controversa visita do vice-presidente dos EUA, JD Vance, à base norte-americana de Pittufik, no noroeste da Gronelândia.

A visita ocorreu dias depois de uma viagem da sua mulher, Usha Vance, a Nuuk (a capital) e a Sisimiut, onde deveria assistir a uma corrida de trenós puxados por cães, ter sido criticada pelos governos dinamarquês e gronelandês por viajar numa altura em que a Gronelândia não tinha governo, na sequência das recentes eleições.

"Foi uma maneira feia de se comportar, fingindo ser turista e chegando com enormes aviões Hércules, pessoal de segurança, carros blindados... Foi uma tentativa de enganar o povo da Gronelândia. Foi uma tentativa de enganar as pessoas e de as manipular. Não é correto, não devemos aceitá-lo", afirma Berthelsen, que admite ter receio do que possa acontecer.

Mensagens em defesa da ilha, como "a Gronelândia pertence aos gronelandeses", e alusões a Trump estiveram muito presentes nas faixas exibidas na manifestação de Copenhaga e nas palavras dos oradores, incluindo o antigo líder social-democrata Mogens Lykketoft e Pelle Dragsted, porta-voz da Lista Unitária.

No final da sua visita a Pituffik, na sexta-feira, Vance acusou a Dinamarca de não ter feito um "bom trabalho" na ilha e disse que os gronelandeses estariam melhor se fizessem parte dos Estados Unidos.

"O que pensamos que vai acontecer é que os gronelandeses vão optar por ser independentes da Dinamarca e, a partir daí, vamos conversar com eles. Penso que falar de algo demasiado distante no futuro é demasiado prematuro", afirmou.

A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, considerou as críticas de Vance "injustas", enquanto o ministro dos Negócios Estrangeiros dinamarquês, Lars Løkke Rasmussen, as considerou "inapropriadas" e instou os EUA a "olharem-se ao espelho".

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