
Numa declaração política no último dia da sessão plenária de fevereiro, o deputado do Movimento para a Democracia (MpD) Celso Ribeiro avançou que a pobreza em Cabo Verde reduziu de 35,2% em 2015 para 26% em 2019, isto quer dizer que 37 mil pessoas deixaram de viver na pobreza absoluta.
Entretanto, com a pandemia da covid-19, reconheceu que houve um aumento da incidência da pobreza para 31,6%, mas, mesmo assim, é um valor inferior ao registado em 2015.
"Isso quer dizer que a redução da pobreza foi consistente e real", frisou o deputado eleito pelas listas do MpD no círculo eleitoral de Santiago Norte, entendendo que estes "ganhos" no desenvolvimento do país deveram-se a um maior investimento em políticas sociais.
Celso Ribeiro frisou que a Estratégia Nacional para a Erradicação da Pobreza Extrema (ENEPE 2022 -- 2026) apresentado pelo Governo, tem um público bem definido, nomeadamente crianças, pessoas com deficiência, idosos, jovens fora do mercado de trabalho e do ensino e imigrantes.
"O país está a atravessar um momento fundamental para a sua afirmação. E essa estratégia, de facto, surgiu numa boa altura, o Governo pretende imprimir um novo impulso ao mecanismo de proteção social, articulando as medidas focalizadas nos agregados extremamente pobres sem deixar ninguém para trás", indicou o deputado.
Em reação, o deputado do Partido Africano da independência de Cabo Verde (PAICV, oposição) António Fernandes pediu uma mudança de atitude do partido no poder no que diz respeito às medidas para socorrer as famílias que passam por enormes dificuldades no país.
Para o parlamentar, a pobreza aumentou de 54 mil pessoas em 2015 para 115 mil pessoas em 2019, um crescimento de 111%, dizendo que isso demonstra que as políticas sociais do atual Governo suportado pelo MpD não foram suficientes para que as famílias tivessem rendimento para resolver os seus problemas.
Segundo António Fernandes, a ENEPE 2022 -- 2026 não tomou como base o número de 115 mil pessoas a viver na pobreza extrema, chamando a atenção que nestes pressupostos muito dificilmente a governação vai atingir o objetivo de erradicação da pobreza extrema em 2026.
"Como podemos ver, esta governação deve trabalhar mais e melhor (...) este Governo não tem sensibilidade para ver que a redução da despesa na máquina pública e na governação poderia trazer um grande alívio na resolução dos problemas da famílias cabo-verdianas", sugeriu.
Por sua vez, o deputado da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição) António Monteiro disse que tem a sensação de que a cada dia há mais pessoas a viverem com grandes dificuldades e na pobreza extrema.
O deputado lembrou que o Banco Mundial redefiniu de 1,90 dólares por pessoa/dia para 2,15 dólares o montante para dizer que as pessoas vivem em pobreza extrema, pelo que considerou que é necessário o país criar riqueza e produzir.
"Nós temos que ter a preocupação de fazer com que o país ganhe músculo financeiro e económico para tenros recursos para gerarmos emprego", apontou António Monteiro, desafiando o Governo a ser "muito mais ambicioso" para cumprir a meta até 2026.
RIPE // PJA
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