
Os ministros da Indústria e do Comércio dos três países realizaram hoje uma reunião de emergência em Seul, destinada a acertar políticas de resposta à aceleração dos aumentos tarifários impostos por Washington - uma reunião tripartida de emergência e a primeira neste formato desde 2020.
O ministro sul-coreano da Indústria, Ahn Duk-geun, o seu homólogo japonês, Yoji Muto, e o ministro chinês do Comércio, Wang Wentao, concordaram em "prosseguir as discussões com vista a acelerar as negociações para um acordo de comércio livre trilateral abrangente" e "justo", de acordo com uma declaração conjunta.
As discussões sobre esse acordo começaram em 2013 e continuaram até 2019, altura em que estagnaram. Foram relançadas em 2024, numa cimeira tripartida especial, que reuniu os líderes dos três países em Seul.
Por enquanto, "continuaremos a trabalhar para garantir condições de concorrência equitativas a nível mundial, a fim de promover um ambiente comercial e de investimento previsível, livre, aberto, justo, não discriminatório, transparente e inclusivo", acrescenta a declaração conjunta.
Para os três países, o objetivo é "intensificar gradualmente a sua cooperação", a fim de "criar um ambiente comercial previsível, estabilizar as cadeias de abastecimento e melhorar a comunicação sobre os controlos das exportações", insistiu Seul numa declaração separada.
De uma forma mais geral, Seul, Pequim e Tóquio concordaram hoje em "trabalhar em estreita colaboração" para promover a reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC) e incentivar novos membros a aderir à vasta Parceria Económica Regional Abrangente (RCEP), que reúne a China e 14 países asiáticos.
Entre eles, a China, o Japão e a Coreia do Sul representam cerca de 20% da população mundial, um quarto da economia mundial e 20% do comércio global.
A reunião tripartida surge após a imposição por parte da Administração norte-americana de Donald Trump, em meados de março, de direitos aduaneiros de 25% sobre o aço e o alumínio, poucos dias antes da imposição, a partir de 02 de abril, de sobretaxas aduaneiras de 25% sobre os automóveis importados para os Estados Unidos.
O Japão e a Coreia do Sul representam, respetivamente, 16% e 15% do total das importações de automóveis dos Estados Unidos, um setor importante para as respetivas economias nacionais.
A China, por seu lado, enfrenta uma sobretaxa aduaneira total de 20% sobre todas as suas exportações para os Estados Unidos.
Há ainda o espetro dos direitos aduaneiros "recíprocos", que Washington também ameaça impor a partir da próxima semana.
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