
Informações da comunidade confirmadas hoje pela Lusa indicam que, no sábado, insurgentes capturaram um popular nas matas de Nampipi, num campo de produção agrícola, a quem pediram para localizar a comunidade de Walopwana, que supostamente seria a próxima aldeia a ser atacada.
"Os terroristas estão entre nós, aqui, ainda não foram longe. No sábado, capturaram um senhor que vinha da machamba e disseram para lhe para mostrar aldeia Walopwana. Ele, com medo, fez, porque segundo disseram-lhe seria o próximo ponto", observou uma fonte, a partir da localidade de Metuge e que abandonou o seu campo agrícola na comunidade de Muisse, por receio.
Algumas pessoas das comunidades de Walopwana e Muisse a pouco mais de 50 quilómetros da sede distrital de Metuge, já tomaram a decisão de abandonar as suas aldeias e campos de produção, receando a presença de grupos de terroristas.
"Eu, a minha esposa e os meus filhos estamos em Metuge desde quarta-feira. Queriamos voltar, mas os bandidos estão ainda a chatear", lamentou, a partir de Metuge, uma homem, de 55 anos.
No domingo, um casal de idosos, saiu de Metuge para ir a Nampipi, viagem de 60 quilómetros, para tratar do campo agrícola de quatro hectares, mas viu-se na obrigação de voltar para trás, após encontrar populares de Walopwana e Muisse igualmente em fuga face aos rumores da presença de insurgentes.
"Não continuamos, encontramos muitas pessoas de Muisse e Walopwana a fugir para Metuge", contou o homem, de 67 anos.
O ataque a Metuge, acontece numa altura em que pragas estão a atacar as culturas dos camponeses, sobretudo na zona de Nampipi, o que ameaça a colheita, pela fuga dos agricultores.
"Há muita produção que se vai perder nos campos porque os terroristas estão a circular exatamente nas zonas onde há muita comida", lamentou o agricultor.
Mais de 70 alunos de uma escola em Pulo, Cabo Delgado, foram fechados durante horas na sala de aula, por insurgentes que atacaram a aldeia moçambicana, mas acabaram por sair ilesos, relataram à Lusa, a quinta-feira, fontes locais.
O grupo, que incluiu o professor daquela escola, no distrito de Metuge, foram apanhados de surpresa durante o ataque do grupo terrorista, cerca das 14:00 (12:00 em Lisboa) desta quarta-feira, 06 de março, quando assistiam à aula de ciências naturais, do quinto ano (ensino primário), com os insurgentes a entraram na sala, obrigando-os a permanecer no interior.
"Foi uma situação de tirar o sono. O meu filho estava lá, os rebeldes chegaram e obrigaram todos a permanecer na sala enquanto aguardavam ordens sei lá de quem", contou à Lusa uma fonte da comunidade local, a partir de Metuge, que recebeu a criança quatro horas depois.
De acordo com outras fontes da aldeia, os insurgentes disseram à população que não pretendiam maltratar as crianças e que as prenderam na escola para evitar as comunicações, enquanto queimavam as casas e saqueavam os produtos, num ataque que provocou pelo menos um morto e que levou à fuga dos moradores de Pulo, mas também de Chauli e Nacutapara, para a sede do distrito, a 30 quilómetros de distância, segundo as mesmas fontes.
Após vários meses de relativa normalidade nos distritos afetados pela violência armada em Cabo Delgado, a província tem registado, há algumas semanas, novas movimentações e ataques de grupos rebeldes, que têm limitado a circulação para alguns pontos nas poucas estradas asfaltadas que dão acesso a vários distritos.
A nova vaga de ataques terroristas em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, provocou 99.313 deslocados em fevereiro, incluindo 61.492 crianças (62%), indicou uma estimativa divulgada esta semana pela Organização Internacional das Migrações (OIM).
PVJ // SB
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