"As notícias de hoje dizem-nos que Cabo Verde desceu oito posições no 'ranking' da liberdade de imprensa: que esta classificação sirva de estímulo para reflexão sobre as nossas responsabilidades enquanto Estado, órgãos de comunicação social, jornalistas, sociedade civil, cidadãos", disse José Maria Neves.

O Presidente da República foi convidado pela Associação Sindical dos Jornalistas de Cabo Verde (AJOC) para uma sessão evocativa do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.

No discurso, o chefe de Estado pediu uma aposta "na qualidade do jornalismo que é feito para que as 'não notícias' não atropelem as notícias, estas baseadas em factos", referiu.

Face a "uma sociedade cada vez mais complexa e diversificada", defendeu ainda "uma maior especialização dos profissionais da comunicação social" e apelou para que se faça "mais jornalismo de investigação, mesmo admitindo as dificuldades que possam aparecer pelo caminho".

O jornalismo podia ajudar a solucionar crimes e esclarecer acusações recorrentes de "compra de votos" em atos eleitorais, disse.

A sugestão foi feita num ano em que Cabo Verde vai realizar eleições autárquicas.

A classificação elaborada anualmente pela organização Repórteres Sem Fronteiras é uma das que tem mais notoriedade internacional acerca do tema.

Na edição divulgada hoje, Cabo Verde desce da posição 33 para a 41 entre 180 países.

O relatório critica a forte influência do Estado no setor, incluindo na nomeação de diretores de órgãos públicos, a autocensura instalada e as limitações no acesso à informação.

Ainda assim, em comparação com o panorama na África Ocidental, "o país destaca-se na região por um ambiente de trabalho favorável aos jornalistas".

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