"Não faz sentido nenhum, 50 anos depois já fizemos a abertura para a democracia, várias eleições, os cidadãos já avaliaram os políticos, os dois principais partidos já exerceram o poder", afirmou o Presidente José Maria Neves, defendendo que não há necessidade de "abrir feridas e criar mais fissuras na sociedade".
"Hoje é o tempo de união. A construção da democracia [e a] ampliação das liberdades sararam as feridas, permitiram a reconciliação da sociedade cabo-verdiana e eu insisto numa ideia: há um só Cabo Verde", referiu.
No ano em que se celebram 50 anos de independência, Celso Ribeiro, líder parlamentar do MpD, sugeriu que o Estado fizesse um pedido de desculpas à população pelos 15 anos de partido único (entre 1975 e 1991, primeiro com o PAIGC e depois com o PAICV) durante um discurso na cerimónia dos 33 anos das primeiras eleições multipartidárias, celebrados na segunda-feira.
Na terça-feira, Rui Semedo, presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), maior partido da oposição, contestou essa sugestão, afirmando que "não se pode pedir desculpas pela independência e pelas conquistas que trouxe".
O primeiro-ministro e presidente do MpD, Ulisses Correia e Silva, considerou hoje que não houve "nenhuma intenção de apoucar a independência de Cabo Verde".
"Nós temos de ultrapassar isto, não há dicotomia entre aquilo que é o valor da independência e o da liberdade e da democracia. Os dois momentos históricos não estão em competição, são conquistas do povo cabo-verdiano, de várias gerações", apontou.
O chefe do Governo defendeu ainda que "não se deve aproveitar" as declarações do líder parlamentar do Movimento para a Democracia (MpD, no poder), Celso Ribeiro, para "tentar criar este ambiente de quase conflito entre quem valoriza a independência ou não".
"Todos nós devemos valorizar a independência e a democracia. Portanto, criar situações de trincheiras, de combates relativamente a este tipo de momentos históricos não cria pedagogia positiva", acrescentou.
RS // ANP
Lusa/Fim
Comentários