"Há um pouco mais de comida, comida mais variada (...), as pessoas também nos dizem isso", afirmou o representante da OMS nos territórios palestinianos, Rik Peeperkorn, citado pela agência francesa AFP.

As organizações internacionais têm alertado para o risco de fome entre os 2,4 milhões de habitantes de Gaza, onde a distribuição de ajuda foi afetada pela guerra de quase sete meses entre Israel e o grupo extremista Hamas.

Numa conferência de imprensa em Genebra, Suíça, através de uma ligação vídeo a partir de Jerusalém, o representante da OMS disse que há "mais alimentos básicos" em Gaza.

Há "mais trigo, mas também alimentos um pouco mais diversificados nos mercados, não só no sul, mas também no norte", contou.

Peeperkorn afirmou que "a situação alimentar melhorou um pouco", mas ressalvou que a ameaça de fome "de modo algum" desapareceu no pequeno enclave palestiniano.

Falando a partir de Gaza, Ahmed Dahir, também da OMS, fez a mesma constatação, referindo que até há pouco tempo, os habitantes do território "atiravam-se aos milhares" para cima dos camiões humanitários na esperança de encontrar alimentos.

"A situação mudou nas últimas semanas", reconheceu o médico da OMS.

O Governo israelita tem acusado regularmente as organizações não-governamentais (ONG) e as Nações Unidas de não distribuírem a ajuda com a rapidez necessária.

As ONG e a ONU atribuem os atrasos às restrições e às inspeções impostas por Israel.

Dahir disse que a situação alimentar continua a ser frágil na Faixa de Gaza, onde a produção local foi completamente destruída.

Referiu também que a população não tem dinheiro para pagar os alimentos.

"O acesso aos alimentos deve agora ser sustentado e mais diversificado", defendeu.

A ajuda internacional, estritamente controlada pelas autoridades israelitas, chega aos poucos, principalmente do Egito através de Rafah, mas ainda está longe de ser suficiente para satisfazer as muitas necessidades dos habitantes.

A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelo ataque sem precedentes do Hamas em solo israelita em 07 de outubro, que causou cerca de 1.200 mortos, segundo as autoridades.

Desde então, Israel tem em curso uma ofensiva militar para aniquilar o grupo extremista, numa operação que matou mais de 34.600 pessoas e destruiu muitas das infraestruturas de Gaza, segundo o governo do Hamas.

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, congratulou-se na quarta-feira com os progressos realizados na distribuição de ajuda a Gaza, mas apelou a Israel para que fizesse mais nesse domínio.

Israel abriu o ponto de passagem de Kerem Shalom em dezembro, após pressão dos Estados Unidos para que revertesse a decisão inicial de bloquear toda a ajuda à Faixa de Gaza.

Por insistência do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, Israel também abriu a passagem de Erez no final de abril, dando acesso ao norte do território sitiado para a ajuda da Jordânia.

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