Segundo o diretor-geral da campanha eleitoral da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), maior partido na oposição, Lukamba Paulo "Gato", "mais ninguém tem dúvidas que a vitória eleitoral, este ano não poderá escapar a Adalberto Costa Júnior e à UNITA".

"Neste contexto, uma força eleitoral, como a nossa, que está segura da sua vitória inapelável, não está interessada na criação de um ambiente de desestabilização do país", frisou.

"A perturbação da ordem só interessa ao regime, que perante a certeza da sua derrota nas urnas, não tem, obviamente, interesse em que o processo eleitoral seja transparente e justo e se conclua em festa da democracia e da alternância", atirou.

A UNITA acusou igualmente o regime, suportado pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder), de "querer manter o seu poder hegemónico a todo o custo e não se tem mostrado preparado para aceitar e conformar-se com a vontade da maioria dos angolanos, expressa na verdade eleitoral".

O líder do MPLA, João Lourenço, disse que o seu partido vai "aceitar e respeitar" os resultados das eleições de 24 de agosto em Angola e exortou todos os concorrentes a fazerem o mesmo.

O Presidente angolano e cabeça de lista do MPLA às eleições gerais considerou, na última semana, que os resultados "provisórios e depois os definitivos das eleições gerais de 24 de agosto, quaisquer que sejam esses, devem ser respeitados pelos candidatos".

Os partidos políticos que concorrem às eleições, "por este simples facto, assumem o compromisso da defesa da paz e da estabilidade, da Constituição e da lei e de aceitar os resultados eleitorais depois de anunciados pela entidade competente".

A entidade competente é a Comissão Nacional Eleitoral (CNE), frisou, para anunciar os resultados provisórios e depois os definitivos e "quaisquer que sejam esses resultados devem ser respeitados pelos candidatos, quer sejam favoráveis a cada partido ou não".

"Todos nós concorrentes, temos obrigação de aceitar os resultados eleitorais", exortou João Lourenço, durante um ato político, no âmbito da campanha eleitoral, que decorreu na cidade de Ndalatando, província do Cuanza Norte.

Para Lukamba Paulo "existem muitos factos" que apontam para "uma crescente crispação no seio do regime", sustentando a sua afirmação com alegadas "ameaças" do general Francisco Pereira Furtado, ministro de Estado e chefe da Casa Militar do Presidente angolano, do porta-voz da CNE e as afirmações recentes do secretário do MPLA para assuntos eleitorais.

"É importante enfatizar aqui hoje que, no nosso país, não existem neste momento quaisquer possibilidades materiais ou condições políticas e psicológicas para falar-se de guerra como o fazem levianamente os habituais comentadores do sistema", frisou.

"Então, essa ameaça não é a do retorno à guerra, mas a da produção de atos de violência contra cidadãos indefesos", salientou o político da UNITA.

O também deputado da UNITA, que falava em conferência de imprensa sobre o balanço da campanha eleitoral, recordou os apelos de João Lourenço sobre a aceitação dos resultados da CNE por parte de todos os partidos concorrentes, pedindo que este também "aceite os resultados eleitorais saídos das urnas".

"E não procure fabricar resultados estranhos à vontade dos cidadãos eleitores", atirou.

O político dos "maninhos" apelou igualmente para que "respeitem a Constituição e a lei, deixando, desde logo, de interferir na CNE, que é definida pela Constituição como um órgão independente".

No entender de Lukamba Paulo, Angola está numa situação em que a população atingiu um grau de saturação recorrente das condições de vida e o cidadão encontrou a liderança alternativa no seu partido.

Questionado pela Lusa sobre qual será a postura da UNITA caso não vença as eleições de 24 de agosto, o político respondeu:" Se o resultado não for este, com certeza que em função de todo o conjunto de dados obtidos, vai haver uma apreciação minuciosa e tomar-se a posição que se impõe".

O diretor-geral de pesquisa e análise da campanha eleitoral da UNITA, Álvaro Nuno Dala, disse, na ocasião, que a UNITA lidera, desde dezembro de 2021, as intenções de voto dos cidadãos com uma média de 56,2% em relação ao seu principal opositor.

Oito forças políticas, sete partidos e uma coligação de partidos, concorrem às quintas eleições gerais angolanas marcadas para a próxima semana.

Pelo menos 14 milhões de eleitores, residentes em Angola e no exterior, estão inscritos para exercer o seu direito de voto.

 

DYAS // LFS

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