Vamos a isto, então. Imagino que Ayrton fosse ainda correr em alta performance por mais umas cinco temporadas. Dos campeonatos que lhe restavam, teria ganhado mais dois ou três, ao passo que Schumacher teria levado os demais. Se já era milionário em 1994, até 2000 teria uma fortuna de talvez uns mil milhões de euros.
Depois da reforma nas pistas, duvido que fosse ser comentador ou mesmo diretor de equipa como o seu amigo Niki Lauda. Acho que abraçaria o mundo dos negócios, e hoje já teria duplicado a fortuna que tinha amealhada na viragem do milénio, embora excelência em pista não signifique necessariamente tirocínio em todas as áreas.
Se casasse, o que acho uma hipótese um pouco remota dado o temperamento introspectivo e recluso, isso só aconteceria mais tarde, lá por volta dos 40 anos. Hoje teria um casal de filhos de quase 20, para efeitos de suposição. Já estaria divorciado, mas seria um pai devotado e não me espantaria que o filho fosse para as pistas.
Mais maduro e experiente do que o animador de auditório Luciano Huck, é possível que o cavalo selado de 2018 lhe tivesse passado pela frente e quem sabe ele não teria aceite ser candidato a Presidente da República, único cargo eletivo em que eu o veria. Coberto de glórias, assumiria como uma figura icónica, dotada de grande força de arrasto.
Bem, chega de torturas. É hora de cair na realidade antes que me empolgue. Ayrton Senna morreu inelutavelmente em 1 de maio de 1994 e nada há que possamos fazer a respeito. Salvo creditar o infortúnio às fatalidades que acometem a vida brasileira em momentos nevrálgicos. Pois por aqui até facadas em candidatos mudam o curso da História.
O tempo dirá se para melhor ou pior.
Fernando Dourado Filho é um escritor e empresário brasileiro.
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