Outra coisa que o mesmo cartaz dizia era “Luta pela vida, diz não à eutanásia”. Mensagem forte, com muito sentimento, com muita beleza e amor. Eu imagino alguém do CDS a ir ao hospital visitar alguém que está acamado há meses, a sofrer horrores com as dores, sem qualquer esperança de melhorias, com os médicos a dizer que já não há nada a fazer a não ser sofrer até morrer, e essa pessoa do CDS a dizer-lhe “Luta pela vida, diz não à eutanásia”. Se calhar ainda acrescentaria um: “eu mais logo tenho de rezar para que chova, aproveito e vou rezar um bocadinho por ti também para ver se te aguentas mais uns bons anos vivo e a saborear bem esse sofrimento todo, há que aproveitar que isso não dura para sempre!”. Que bonito.
Gosto muito como o CDS tem tanto afinco a não deixar que cada pessoa possa decidir sobre a sua própria vida e morte. Precisamos de mais gente assim para tomar conta de nós. Afinal, quem somos nós para achar que temos capacidade para decidir o que queremos fazer com a nossa vida? Acho que devia haver uma pessoa do CDS constantemente ao nosso lado durante a vida para decidir tudo por nós. Escolhia-nos a roupa de manhã – aposto que o doidão ia sempre escolher-nos todos os dias calças bege, camisola azul-bebé, sapatinho de vela e um bonito crucifixo – para andarmos todos uniformizados. Dizia-nos quando é que podíamos fazer sexo (ai! Sexo não, amor) – só depois do casamento, de luz apagada e sem métodos contraceptivos porque Deus é alérgico ao latex, e se a vontade fosse muita antes do casamento, já se sabe que só valeria anal. Proibia-nos de nos casarmos ou adoptarmos crianças se fôssemos homossexuais, indicava-nos programas culturais muito bonitos e enriquecedores como touradas… Enfim, todo um encaminhamento ao longo da vida que tornava um mundo melhor.
Ou seja, um partido no poder que nos indicasse – não é proibisse ou obrigasse, nada disso – tudo o que podíamos ou não fazer com a nossa própria vida. E até era boa ideia ter uma espécie de polícia que pudesse controlar se fazíamos tudo bem e que não deixasse ninguém dizer mal das opções deste partido sobre a vida individual de cada um. Isto está a soar-me estranhamente familiar… Será que já houve algum regime assim no mundo? Hmm… Devo estar a fazer confusão, esqueçam. Mas fica a ideia!
Pronto, agora vou rezar para que Deus me aqueça a sopa que estou cheio de fome e mais logo sou capaz de ir à sede do CDS de Almada dar-lhes um abraço.
Sugestões mais ou menos culturais que, no caso de não valerem a pena, vos permitem vir insultar-me e cobrar-me uma jola:
- Odiarás o teu vizinho: Documentários da VICE no Odisseia sobre questões raciais. Vi o trailer e parece-me excelente.
- Game Night: É engraçado, entretém, mas nada de especial. É bom para verem de ressaca ao domingo à tarde.
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