- SNS, boa tarde.
- Boa-tarde, eu testei positivo à Covid-19. Fiz um teste em casa.
- Já não há Covid.
- Desculpe? Eu liguei para registarem e depois saberem quando posso ser vacinada...
- Não fazemos registos.
- Ah, não?
- Não, a senhora fique em casa se tiver sintomas. Se precisar de baixa médica, vá ao centro de saúde e se tiver de ir à rua, ponha a máscara.
- Então, e o registo para saber quando posso ser vacinada?
- A senhora toma nota da data e assim já saberá quando pode ou não ser vacinada.
A chamada não caiu, porque a jovem que testou positivo à Covid-19 tinha tantas dores no corpo, estava tão entupida, que admitiu: “Não tive energia para argumentar”.
De uma pandemia hiper exacerbada, um verdadeiro susto, passámos a isto. Dirão que normalizar é o melhor, que as vacinas estão a funcionar, que está tudo certo neste telefonema e terei de concordar que discordo veementemente. Não está nada certo.
As pessoas quando ligam para uma linha de Saúde procuraram informação e consolo, não precisam de ser atendidas com pouca simpatia e a despachar. E a informação é crucial, portanto deveria ter existido aqui um esforço no sentido de explicar ao utente, sim, porque se trata de alguém que contribui para o SNS, como todos nós, de que forma deverá comportar-se, a que sintomas deverá estar alerta, porventura até explicar que, com as doses de vacina realizadas, a normalização é saudável.
O pior é que não só isto não se faz como as notícias estão pejadas de referências a urgências hospitalares sobrelotadas, ao regresso em cheio das doenças respiratórias. Dirão, é Inverno. Senhores, é Inverno, mas ainda há seis meses isto estava virado ao contrário. Não podemos tratar as pessoas numa linha telefónica oficial como se elas fossem parvas, inconvenientes ou infantis. Mesmo que não dê jeito mais uma pessoa a dizer que testou positivo. Os registos acabaram? Tome nota da data e faça contas? Por favor, expliquem-me lá como se eu tivesse cinco anos.
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