Está tudo bem, o quadro de Leonardo da Vinci tem 53 centímetros e é de tal forma atormentado que está protegido por um vidro. O homem que agrediu a senhora do mais enigmático sorriso estava disfarçado com a ajuda de uma peruca e, numa cadeira de rodas, teve acesso ao corredor mais próximo da tela, aquele para onde podem ir pessoas com deficiência e crianças.
Depois, com o bolo cheio de creme branco, talvez chantilly, lá fez o movimento de agressão à conhecida Gioconda. E os telemóveis desataram a disparar fotografias atrás de fotografias. Não foi preciso pré aviso, os visitantes já estavam com os telemóveis em punho.
A Mona Lisa tem tido uma vida atribulada. Há quem advogue que a senhora, afinal é um auto retrato do artista. Ou de uma amante. Ou que esconde uma mensagem na sua paisagem.
Napoleão Bonaparte considerava-a de tal forma fascinante que exigiu que ficasse nos seus aposentos.
Tornou-se mais famosa por ter desaparecido em 1911. Picasso foi interrogado enquanto suspeito e a verdade é que tinha peças adquiridas ilegalmente, que é como quem diz roubadas, provenientes do Louvre. A tela, de dimensões pequenas, não estava na sua posse, nem da do seu agente Apollinaire. A imprensa da época acompanhou o caso com entusiasmo e, de repente, a tela que até aí era apenas mais um trabalho de um génio, passou a ser cobiçada e amada como poucas.
Foi recuperada em Itália em 1913 e há quem defenda que o que regressou ao Louvre é uma falsificação. Uma coisa é certa, durante a Segunda Guerra foi das peças mais viajadas de todas aquelas que se queriam proteger dos nazis. Fez quilómetros e mudou de localização várias vezes. O gosto de Hitler por arte é conhecido. Aliás, talvez o mundo tivesse rodado numa outra direcção se a criatura tivesse talento e a academia de artes o tivesse aceitado como aluno. Não foi o caso. A Mona Lisa era altamente cobiçada. Escapou dos nazis.
Nos anos 50 sobreviveu ao ataque de um boliviano que achou por bem atirar-lhe uma pedra. Já nos anos 2000, uma mulher de origem russa, furibunda por não conseguir a nacionalidade francesa, optou por agredir a Gioconda, a sorridente, com uma xícara de chá.
Agora foi a vez do bolo repleto de creme açucarado, deduz-se. Desde 1503, ano em que o mestre Leonardo a começou, que não há descanso para esta desgraçada.
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