Já se sabe que isto tinha tudo para ser um país, mas, bem vistas as coisas, teremos de aceitar que somos o que somos. Um aeroporto em Alcochete, um temporário no Montijo. Um grande amigo disse-me, ao almoço: então, não seria melhor activar e melhorar o aeroporto de Beja que fica a uma hora e meia de Lisboa? Para os lisboetas isto seria um susto, claro. Egoisticamente, dá jeito ter o aeroporto mesmo à mão, sendo que o risco de um acidente que envolva a cidade é olimpicamente ignorado. Mas a verdade é que Beja fica a uma hora e meia. As estradas são boas, era terminar alguns quilómetros de auto estrada e nenhum estrangeiro iria refilar. Era assumir que vamos a outras cidades e demoramos uma hora, duas horas, a chegar ao centro das mesmas e nem nos lembramos de apresentar queixas. Pois, isto no estrangeiro é tudo melhor.
Para ser sincera, a conversa eterna sobre o novo aeroporto incomoda. Pede-se a cabeça do ministro, do primeiro-ministro. A direita esfrega as mãos por conseguir criticar e a esquerda alinha porque, já se sabe, acabou a geringonça. O ministro pede desculpa pelo erro. O primeiro-ministro diz que errar é humano. A comunicação falhou. Ups. Eu cá só queria que alguém tivesse a cabeça do meu amigo e fosse pragmático: Beja, senhores, tem um aeroporto. Talvez o ministro não saiba, o primeiro-ministro decerto que sabe.
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