Começa assim uma cruzada pessoal para substituir o saco de plástico dos saldos, pelo saco de juta que a Zara tem à venda para os seus clientes. Porquê? Vejamos alguns factos:

Os oceanos cobrem mais de 70% do planeta; controlam o estado do tempo e são um ecossistema para milhares de seres vivos. Também garantem a subsistência de outros milhares. Os oceanos absorvem um quarto das emissões de carbono (H2O, ring a bell?... Hidrogénio + Oxigénio) que provocam a sua acidificação (hoje, mais depressa do que em 300 milhões de anos). Os oceanos acidificados resultam na degradação e morte de parte do seu ecossistema, principalmente bivalves e corais, a base da cadeia alimentar, o que quer dizer que também mata os peixes e acaba com o negócio de muito boa gente. Acresce que estão cheios de lixo, principalmente plástico de utilização única, como sacos, palhinhas, embalagens de iogurtes e garrafas. O panorama é negro. Como os sacos de que vos falo.

Há outros factores, como a exploração petrolífera, o excesso de navios e as comunicações marítimas que provocam alterações à vida marinha. Mas estes são os principais exemplos e num dos quais podemos ter um papel activo: os sacos de plástico.

Tenho esperança que resulte numa chamada de atenção a quem faz compras nas marcas de fast fashion mas, sobretudo, que leve a Zara a convencer os clientes a comprarem o seu saco de compras em juta, ou a levarem um saco de casa, como quando vamos ao supermercado. Como em tudo na vida, o não está garantido, da mesma forma que criticar quem compra nestas lojas, não contribui para mudar comportamentos.

Por princípio, o conceito fast fashion está errado, da mesma forma que os métodos de produção da indústria da moda são altamente questionáveis. Contudo, e se ao fast fashion dermos uma slow life, ou seja, se usarmos os artigos durante anos, se os reutilizarmos ou modificarmos, se os trocarmos com amigos, se lhes dermos uma nova vida dando a quem deles precisa, conseguimos diminuir o volume de compras e, por inerência, o volume de produção. Sem hipocrisia, porque também eu faço compras na Zara mas quero contribuir para a mudança. A minha relação com esta marca nunca foi pacífica, contudo, tenho peças que ultrapassam os vinte anos, porque o corte é intemporal, a cor não passa de moda e o tecido tem qualidade. Slow life.

Paralelamente, tentemos perceber o que leva tantas pessoas a comprar roupa e acessórios nas lojas do grupo Inditex - porque tanto pode ser o preço como a comodidade - e actuemos de forma a mostrar que algo está errado na indústria da moda, mas que o maior erro é o nosso comportamento passivo, que não questiona, que compra mais do que precisa, que coloca de lado sem trocar, vender ou oferecer a quem precisa, que substitui rapidamente, cansando-se de algo que faz parte da nossa identidade: a roupa que vestimos.

Por isso, um apelo: nesta hiperligação encontram um endereço e um texto. Enviem-no à Zara. Pode não mudar nada mas não sabemos se não tentarmos, verdade?