Os resultados são uma miséria para qualquer partido, abaixo de tudo o que tiveram anteriormente algumas mortes anunciadas já foram de maca, a caminho da morgue.

O Partido Comunista é um dos corpos na arca frigorífica. De resto, a pergunta que se ouvia na segunda-feira de manhã, onde fui tomar café, era: quando é que vamos a eleições outra vez? Não posso deixar de pensar que é absurdo. No que devemos reflectir é o que representam os resultados, e entender que os partidos estão fechados sobre si próprios; a percepção sobre a realidade dos portugueses é diminuta. Quase como se não conhecessem o eleitorado. E conhecem?

Um milhão de votos para o partido da extrema direita diz muito sobre nós, sobre a forma como pensamos e vivemos a democracia, embora também revele muito sobre a estratégia concertada que a extrema direita assumiu globalmente. É um fenómeno que transcende o cenário português. Acusar as pessoas de iliteracia serve de pouco. Um milhão de pessoas, que Pedro Nuno Santos não crê serem todas xenófobas e racistas, reveem-se num discurso que é isso e mais. Tal como sucede sempre que se fala da maioria de José Sócrates, ninguém dirá que votou no Chega.

O projecto da AD está fragilizado à partida. E, sobre isso, muito haveria a dizer, começando pela análise dos protagonistas da aliança.

Em todo o caso o imbróglio, no qual vamos comemorar 50 anos de democracia, deve-se ao Ministério Público e a Marcelo Rebelo de Sousa. A procuradora já disse que não presta contas e que não renova o mandato. O Marcelo, enfim, fará o costume: dirá coisas, atiçará a fogueira e, no fim, será sempre derrotado, porque a sua ética deixa muito a desejar.