O futebol, jogo jogado, joga-se nas 4 linhas. No retângulo são 11 contra 11 e no final ganha um clube, contrariando a gíria que estatui que ao som do apito final a Alemanha sai vencedora.
Transportando a bola para a realidade portuguesa, entramos hoje, 18 de janeiro, na 2ª volta da Liga NOS. Esta semana ficaram igualmente conhecidas as equipas que vão disputar as meias-finais da Taça de Portugal e no final deste mês será conhecido o “campeão de inverno” com a disputa da final four da Taça da Liga, em Braga.
Olhando para estas três competições – campeonato nacional, Taça de Portugal e Taça da Liga – surgem quatro equipas: Porto, Benfica, Braga e Sporting.
São estes os emblemas que disputam as fases finais das competições a eliminar e são estes os quatro clubes que lideram, pela ordem atrás descrita, a principal competição do futebol português quando se inicia a 18ª jornada.
Ou seja, os “Três Grandes” + 1, o Braga, que reclama dentro e fora de campo um lugar neste pódio, dominam as três competições nacionais de futebol.
Olhando para as Taças e o campeonato, sem certezas de quem irá erguer cada um dos troféus, sem antecipar se haverá um clube que ganhe o “triplete” ou faça a “dobradinha”, uma certeza surge: haverá pelo menos um clube que “ficará a ver navios” em maio. Os outros (ou outro) engordarão o palmarés e a sala de troféus.
Uma Liga na linha da Europa
No que toca à Liga NOS, o Porto lidera com 43 pontos. O quinto classificado, o Vitória de Guimarães, na companhia de Belenenses e Moreirense, tem 28 pontos. Uma diferença de 15 pontos, que baixa para 10 se comparado com o segundo classificado, o Benfica (38); nove, em relação ao Braça e sete pontos comparativamente com o Sporting.
Recorrendo à história e à estatística, o título nacional deverá calhar a um dos emblemas com os Dragões em vantagem face à concorrência. De notar que só por duas vezes desde 1934-1935 (data que a Federação Portuguesa de Futebol assume como o início do campeonato nacional), outros dois clubes - Belenenses (1945-1946) e Boavista (2000-2001) – se intrometeram na luta dos “três Grandes” que somam 36 (Benfica), 28 (Porto) e 18 (Sporting) títulos nacionais.
E é em virtude desses números, que há muito se fala da tradicional falta de competitividade do futebol português. Uma prova dividida entre Porto, Benfica e Sporting, embora o clube leonino se resuma a cinco campeonatos nós últimos 50 anos.
Se olharmos para as cinco principais ligas europeias, para, de certa forma, desmistificar essa falta de competitividade “cá do burgo”, vemos que o cenário de domínio de um clube ou a luta a dois tem sido acentuada nos anos recentes. Vejamos:
Espanha. Na La Liga, nos últimos cinco anos, o Atlético de Madrid conseguiu a proeza de se intrometer e vencer (2013-2014) na luta a dois entre Barcelona (três título) e Real de Madrid (um troféu de campeão). Até lá, a antiga equipa de Ronaldo (sagrou-se campeã nacional 33 vezes) e atual formação (25 títulos nacionais) liderada por Messi dominavam a seu bel-prazer os relvados espanhóis. Os colchoneros ostentam 10 estrelas de campeão, sendo que nove foram conquistados no século passado.
Itália. A Juventus, heptacampeã italiana, relegou o domínio de Milão, em especial do Inter, campeão entre 2005-2006 e 2009-2010, para segundo plano Na Serie A, a equipa das três estrelas de ouro (e de Ronaldo) tem no seu palmarés 34 títulos, sendo que os dois emblemas da capital da moda, Milan e Inter, somam 18 cada.
Alemanha. O Bayern Munique é hexacampeão. O emblema Bávaro sagrou-se campeão nacional por 28 vezes, sendo que 27 foram na era da Bundesliga (1963). Nos últimos anos, somente o B. Dortmund levanta o disco de campeão, sendo que ainda assim a equipa do Renânia do Norte só por três vezes (2001-02, 2010-11 e 2011-12) foi campeão neste século. De destacar que o Nuremberga com nove títulos nacionais, o clube foi até ao ano de 1987, o ano em que foi ultrapassado pelo Bayern Munique, o clube com mais títulos nacionais acumulados. Oito desses títulos foram ganhos antes da criação da Bundesliga.
França. Num campeonato que conheceu desde o início do século, nove campeões (Nantes, Lyon, seis vezes, Bordéus, Marselha, Lille, Montpellier, Mónaco e Paris Saint-Germain) o clube parisiense venceu cinco das últimas seis edições da Ligue 1.
Olhando para o panorama futebolístico gaulês verifica-se que é um campeonato marcado por um clube que reina numa era. Do Saint-Étienne, Marselha e Lyon, com Nantes e Bordéus a somarem campeonatos de tempos em tempos. O PSG tem inscrito o nome numa nova hegemonia.
Inglaterra. Se olharmos para a data da instituição da FA Premier League em 20 de fevereiro de 1992, o panorama é de domínio dos seis clubes, com destaque para os big 4: o Manchester United surge na liderança com treze títulos, o Chelsea, com cinco, o Arsenal, com três, tantos quanto o Manchester City que é também o único clube a conquistar a Premier League de forma invicta. Blackburn Rovers e Leicester City, outsiders, conquistaram um título cada.
A história tem que ser honrada e por isso desde 1888, 24 clubes foram coroados campeões de futebol inglês. O Man United continua a ser rei e senhor, 20 vezes campeão nacional, seguido de Liverpool, 18 e Arsenal, 13.
Ou seja, a frio, tem sido os mesmos quase sempre a saírem vitoriosos. E porque estamos a falar do futebol cada vez mais moderno, deixo para o final uma sugestão de uma série que pode acompanhar no Netflix: “Sunderland 'Til I Die” — que retrata a relação de uma cidade, dos seus habitantes e adeptos, com um clube de futebol. Clube esse que soma seis títulos de campeão inglês, todos eles ganhos antes de 1936, sendo três no século XIX e outros tantos no século XX.
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