Isto é tudo muito bonito – provavelmente ao lerem este primeiro parágrafo já estavam a ficar empolgados com o romanticismo lírico da ideia descrita –, mas todos sabemos que a liberdade também é parca, castrada, roubada, violada e até morta. Aquela, a outra, a que é sempre, infinita, imortal e ubíqua, também existe, não se aflijam, é a do pensamento, e está salvaguardada, para já.

Mas se existisse sozinha, sem a que tem limites (a tua acaba onde começa a minha? não sei se será exactamente assim, mas serve para o caso), já o mundo tinha acabado ainda mais rapidamente do que estamos todos a tentar que aconteça. Há demasiados seres humanos desumanos para que a liberdade seja plena.

No cimo disto tudo, a nossa ideia de liberdade, a de cada de um, a do pensamento ou a da concertação social, é não mais que isso, uma ideia de livre-arbítrio dificilmente consensual entre filósofos ou neurocientistas. Ou seja, achamos que controlamos tudo, ou quase tudo, o que fazemos na vida, quando na verdade, muito provavelmente, não passamos de um conjunto de milhões de milhões de reacções químicas constantes que nos fazem reagir – não agir.

Claro que a nossa arrogância, tão típica de pessoa, é livre para esta ideia não aceitar. Por outro lado, a ser de facto assim, não é isso que nos desresponsabiliza do que dizemos ou fazemos – deixando apenas para o pensamento o mais fino recorte do que poderá ser realmente livre.

Logo, e por tudo isto, a liberdade é responsabilidade. Ficando ao - talvez - livre-arbítrio de cada um, a escolha da liberdade para ser estúpido.

Sugestões mais ou menos culturais que, no caso de não valerem a pena, vos permitem vir insultar-me e cobrar-me uma jola:

- In the Basis of Sex e Vice: Que belos filmes.