Parece que não vai chegar a acontecer, o que é pena, visto que era uma excelente ideia. Não enquanto homenagem à comunidade LGBTQ+, não enquanto perigo rodoviário, mas enquanto discurso demagogo e populista.
Nesta categoria, sim, que maravilha de ideia. Esta malta que anda sempre com a sua farda de camisa azul-bebé, calças bege e cabelo de alguidar pensa assim: Casamento gay? Nunca, é votar contra. Coadoção por casais gay? Nunca, é votar contra. Agora, passadeiras arco-íris super inclusivas e que, ao contrário das outras, não são homofóbicas e que se deixam atravessar por pessoas homossexuais sem gritar “Sai de cima de mim, ó caga pa’ dentro! Ó sapatona, vai lamber pa’ outro lado que eu não sou uma carpete!”? Sim, claro que sim!
É um pequeno truque político genial para enganar quem anda mais distraído (tem de andar mesmo muito, muito, distraído) e não se lembra de como o CDS pensa, e ao mesmo tempo não desilude, nem os membros do partido, nem Deus, porque na verdade estão só a fingir que são inclusivos.
Infelizmente para o CDS de Arroios, os membros mais antigos do partido como Ribeiro e Castro e a própria Assunção Cristas (que por esta altura, com tantos dias de sol, já está novamente preocupada com a seca em Portugal e está a ver que vai ter que voltar a rezar para que chova) vieram logo desaprovar a ideia.
Era estúpido, ninguém ia acreditar que o CDS, de repente, já não era tão heternormativo, e completamente amedontrado com tudo o que fuja um pouco à sua “normalidade”. Ribeiro e Castro até aproveitou para ser galhofeiro, nada homofóbico, e chamar “LGBTQQICAPF2K+” à comunidade. Perceberam? Porque tem muitas letras ao calhas, e não sei quê. Muito engraçado.
A verdade é que a ideia, fora a dimensão populista, era fundamentalmente estúpida, até do ponto de vista da segurança rodoviária, e parece que não será concretizada.
No entanto, fica-nos a pequena esperança de que o CDS possa um dia deixar de ter um pensamento binário, ou um pensamento a preto e branco como as passadeiras, e perceba que todas as orientações sexuais são tão normais como a heterossexualidade. Se Deus existisse, tenho a certeza de que concordaria comigo.
Sugestões mais ou menos culturais que, no caso de não valerem a pena, vos permitem vir insultar-me e cobrar-me uma jola:
- The Act: Muito bom, muito triste.
- (In) Fidelidades: Estou a acabar de ler o novo livro da Esther Perel. Devia ser obrigatório para toda a gente, sejam monógamos ou polígamos, hetero ou homo.
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