É uma nova forma (nova? Desculpem, mas não é, já acontece há tempo suficiente) de terrorismo, uma maneira de alguém ameaçar expor ou reter a informação recolhida, com o objetivo único de a libertar apenas a troco de um resgate (“ransom”). Preferencialmente em moedas pouco correntes, tipo bitcoins (o que também não é verdade, pois não? Já circulam há muito).

O que está na internet fica na internet. Para sempre. Não sei se a maioria de nós possui essa consciência: a era do digital é a perpetuação dos nossos actos, palavras e imagens. Não podemos dizer: Ah, daqui a seis meses ninguém se lembra. A internet tem uma bodega de uma memória infinita que, francamente, não nos dará muito jeito por causa disto ou daquilo. No caso, trata-se de terroristas informáticos, pelo que li na imprensa, um grupo composto por colombianos e um espanhol – esta distinção parece-me tão estranha, se sabem a nacionalidade de um, não sabem quem é…? Enfim, não tenho muita cabeça para todos estes meandros informáticos, e de ciber qualquer coisa, mas tenho a certeza absoluta de que o digital nos roubou a liberdade. E se alguém tiver acesso a todos os nossos emails? Aos documentos que escrevemos numa altura em que, digamos, não estávamos bem-dispostos? E as nossas finanças? O que é realmente privado hoje em dia? Nada. Somos digitais, logo, somos globais. Estamos presos uns aos outros e, como já se sabe há milénios, há uns de nós que são maléficos e abusadores (são dois adjetivos qualificativos queridinhos, para não me alongar).

Não creio em teorias da conspiração, por isso prefiro acreditar que o assalto aos sites do grupo Impresa foi aleatório; poderia ter sido a TVI, poderia ter sido o jornal Público. Há quem conspire em demasia, mas uma coisa parece-me certa – se alguém quiser conspirar e derrubar um terceiro, pessoa ou empresa, está como peixinho na água nesta era digital. Sim, é bom termos informação e velocidade, é bom termos chegado a esta evolução tecnológica. Podemos louvar até ao infinito todas as possibilidades cibernéticas e enumerar vantagens. Mas nem tudo são rosas.

A SIC e o jornal Expresso lançaram ontem sites provisórios. A bem do jornalismo e da liberdade.

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