Habituámo-nos nas últimas décadas a ter, nas cidades, uma agência bancária perto da porta de casa. Nos últimos dois anos passou a haver bairros sem agência bancária. Também há povoações que ficaram sem a única agência bancária que lá servia as pessoas. Todos nos lembramos da revolta da população de Almeida pela intenção de deixar todo este concelho fronteiriço sem um único balcão de algum banco.  

O Banco de Portugal confirma que no espaço de um ano, entre 2019 e 2020, o conjunto do setor bancário perdeu 655 agências (eram 5523 em dezembro de 2019, baixaram para 4868 em 2020).

Ainda mais expressiva a redução do número de balcões de todo o conjunto da banca na última década: de 6306 em 2011 para 3642 em 2021.

É um facto que a banca quase 100% digital é o futuro incontornável.

Para as novas gerações e também muito das mais antigas, o digital elimina barreiras geográficas e físicas para que possamos operar de modo ágil e imediato em qualquer lugar, numa grande cidade ou num lugar recôndito. A relação com o sistema financeiro fica muito facilitada e abreviada. Tudo vai poder ficar online.

Também sabemos que cada vez mais usaremos menos o dinheiro vivo em notas e passaremos a servir-nos quase totalmente do contactless através do cartão bancário, de pagamentos com o telemóvel e, não tardará muito, por reconhecimento facial. 

Esta crescente digitalização também vai levar à redução das caixas automáticas das redes interbancárias Multibanco e Euronet. Já foram (dados da SIBS) 14318 em 2010 e eram 12055 no final do ano passado. 

Tal como nestes últimos 20 anos, progressivamente, desapareceram as cabines telefónicas e agora toda a gente usa algum modelo de telemóvel, mais ou menos sofisticado, também é de prever que vamos ter ao longo desta década a continuação do acelerado desaparecimento de agências bancárias.

Isso não pode acontecer com o preço de deixar em angústia quem não está preparado para organizar a vida sem a agência bancária e a caixa de movimentos automáticos. É imperativo acautelar o conforto dessas pessoas nesta fase de transição. E que o acesso às caixas de movimento bancário seja garantido sem custos para o utilizador.

Nesta transição no sistema bancário há uma outra questão principal: o destino dos trabalhadores bancários que a automatização faz dispensar. Também não podem ficar descuidados. 

A TER EM CONTA:

Como é a vida em outros lugares do mundo? O Sudão é a terra de 45 milhões de pessoas no noroeste de África. Em 2018, o povo levantou-se e fez cair o regime do sanguinário ditador Omar Al Bashir, mandante de múltiplas atrocidades e que esteve 30 anos a arrasar o país arrasado. O slogan “O povo quer paz, liberdade e justiça” foi dominante nas grandes manifestações em 2019 da muito ativa sociedade civil sudanesa. O Sudão entrava em transição para a democracia. Foi instalado um governo de compromisso formado por civis e militares. Há dois meses, os militares cortaram os fis de esperança. Esta reportagem de Yousra Elbagir e Katie Lamborn, no The Guardian, ajuda-nos a entender como é viver num país como o Sudão. 

A coabitação entre pessoas e elefantes selvagens na Tailândia. 

A melhor das escolhas anuais da Time Magazine: os cientistas das vacinas são os heróis deste ano.