Os últimos dias foram uma tempestade de notícias sobre o ambiente. Poderia hoje dedicar esta coluna a Barack Obama, que foi ao Porto falar de alterações climáticas, e que a organização desta iniciativa brindou os congressistas com um almoço carregado de embalagens plástico. Dizem que o almoço conseguiu ter mais plástico que as refeições servidas nos voos da TAP, e que nem sequer havia locais para colocar as embalagens para reciclagem. Mas, para mostrarem a sua enorme preocupação ambiental, desligaram o ar condicionado para desespero de todos. O Obama deve ter saído espapaçado de Portugal, enfastiado por só lhe servirem água engarrafada e desesperado com tantos disparates ambientais.

Ou poderia escrever-vos sobre a recente iniciativa da Direção-Geral de Saúde que se “esqueceu” de chamar o sector empresarial do estado (Águas de Portugal) e as empresas de abastecimento de água municipais, para fazer uma campanha de incentivo ao consumo da água da torneira, promovendo em simultâneo uma vida saudável e um ambiente sustentável. Uma campanha que seria natural e perfeita pois casava em harmonia a promoção da saúde e do ambiente. Mas houve uma mão invisível que fez tudo acontecer ao contrário do que devia.

Em Portugal, ainda falamos muito, mas fazemos muito pouco para mudar hábitos e mentalidades. E, em algumas Entidades Públicas, percebemos de forma clara que há um enorme caminho a percorrer, pois quem decide não tem cultura nem preocupações ambientais. Falam do ambiente, só porque acham fashion e cool, mas ainda nem perceberam que esta temática é uma das vertentes diferenciadoras do ponto de vista do posicionamento das instituições e das marcas, e um dos aspectos que os cidadãos mais valorizam no seu dia a dia.

Por isso, escolhi falar-vos de um supermercado alemão que em pleno século XXI, consegue ter mais preocupações ambientais que a nossa Direção-Geral de Saúde, apesar de a sua missão ser comercial. Chama-se Lidl, e a partir de agosto neste supermercado não vai encontrar nem copos, nem pratos, em plástico descartável. Este será o primeiro passo de uma estratégia que irá ainda abranger a substituição de palhinhas e talheres nos produtos de conveniência e bebidas. Os objectivos são ambiciosos e um excelente exemplo para todo o retalho.

Espero, sinceramente, que as marcas portuguesas sigam estas boas práticas, e que a Direção-Geral de Sáude esteja atenta às mudanças emergentes e às crescentes preocupações ambientais dos portugueses, e corrija rapidamente a trajetória, eliminando o plástico nos nossos hospitais e centros de saúde.  Ser ultrapassado nas boas práticas ambientais por um supermercado, faz-nos pensar em que mãos depositamos a nossa confiança para tratar da saúde de todos.

Na verdade, no futuro não haverá saúde que resista, se não soubermos ser ambientalmente sustentáveis! E esta simples ligação faz da preservação do ambiente uma das principais prioridades e missões da saúde pública.