Não faz sentido, João. Então, a condição para que os portugueses voltem a partilhar o mesmo ar do D. Sebastião das falcatruas é o Presidente perdoar-lhe a pena que, isso sim, todos queremos que cumpra? Não, não, João. Nós só achamos que o João tem de ir para a prisão. Não tem de ser a da Carregueira, pode ser na ilha de Reunião ou em Azkaban.

João Rendeiro estará claramente num destino de praia onde passa vários dias ao sol. Quero acreditar que o que disse na entrevista é justificado por uma insolação. Mas pode também ser aquele tipo de atrevimento de quem se vai bronzear para um destino paradisíaco enquanto os portugueses estão enfiados em casa por causa do frio: a desfaçatez morena. Só isso justifica a leviandade quando diz que o seu estilo de vida não exige uma maquia muito grande. 

“Bastam-me três, quatro, cinco mil euros”. Mal jogado, João. Com tantas praias boas aqui e vai torrar esse dinheiro todo em estâncias balneares caríssimas? Em princípio, se João Rendeiro precisa de cinco mil euros por mês num destino que tem sol em novembro, as autoridades só precisam de varrer os resorts do Dubai e encontrarão o homem. Ou então, Rendeiro anda pela Riviera Francesa, mas vai ao solário.

Enquanto João Rendeiro afirmava a sua vontade de se sentar na mesa dos indultos presidenciais, Marcelo já estava fartinho de se sentar na mesa dos vultos culturais, na cerimónia de lançamento da CNN. Ainda lhe conseguiram sacar uma reação ao long shot de João Rendeiro: “já é tarde”, disse o Presidente, procedendo a elencar as diversas razões logísticas e de calendário que impediram um possível perdão ao banqueiro. Ficámos a saber que Rendeiro só não volta a andar à solta em Portugal por pormenores.

Por outro lado, Marcelo vê sempre um passo à frente. Rendeiro, como o mostrou na entrevista, é um romântico. Às vezes, os românticos só ouvem o que querem ouvir e é possível que Rendeiro apareça um dia destes à janela do Palácio de Belém a cantar uma balada e a pedir perdão. Para Rendeiro, mais vale “já é tarde” do que nunca. Quando esse dia chegar, é bom que dessa vez o apanhem. Ou não, pode sempre ser preciso lançar um novo canal informativo.