São Paulo, o estado mais rico do Brasil, a capital mais populosa da América do Sul, com mais de 22 milhões de habitantes na área metropolitana, agoniza.

No início de 2020, o presidente Bolsonaro decretou estado de emergência na saúde pública em virtude do novo coronavírus. Isto ocorreu 18 dias antes do carnaval. O decreto foi publicado em 03/02/2020 e enviado ao Congresso com regras para quarentena sanitária que incluíam, inclusive, restrição de entrada no país. A medida foi criticada por grandes jornais. Enquanto o governo Bolsonaro se preocupava com o vírus chinês chegando ao Brasil, governadores se ocupavam com o carnaval.

Um pouco mais à frente, já com o número de infectados crescendo, atendendo a um pedido de Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), ajuizada pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT) contra a Medida Provisória 926/20, que centralizava no Governo Federal responsabilidades e decisões quanto à quarentena e outras medidas, permitindo ações coordenadas nacionalmente, o Supremo Tribunal Federal - STF deu aos Estados e Municípios o poder para decretar quarentena, medidas de isolamento social, assim como abrir ou fechar serviços essenciais. Com isso, o presidente Jair Bolsonaro perdeu poder sobre a gestão da quarentena.

Isto aconteceu em 15 de abril de 2020. Ao Governo Federal só ficou autorizada a transmissão de verbas. Apenas isso. Na prática, o Supremo Tribunal Federal decidiu que nenhum prefeito ou governador fere a Constituição quando impede o livre trânsito de cidadãos, ou impede os cidadãos de trabalhar. As redes sociais extravasaram a revolta da população, que se questionava sobre como um prefeito pode ter autoridade sobre os direitos constitucionais dos cidadãos. O STF decidiu que sim.

Sucessivos lockdowns, desvio de verbas federais que deveriam ter sido aplicadas em hospitais de campanha, equipamentos que desapareceram, etc, e só trouxeram desespero, desemprego, falências e pobreza. O Governo Federal encaminhou para os Estados e Municípios um total de  R$ 1.141.230.000.000,00 (168 mil milhões de euros ao câmbio atual). Somente o Estado de São Paulo recebeu R$ 135.000.000.000,00 (19 mil milhões de euros ao câmbio atual) para compra de equipamentos e hospitais emergenciais. O confinamento da população resultou em miséria e fome. Os lockdowns não funcionam. Ainda na semana passada a chanceler Angela Merkel pediu desculpas públicas ao povo alemão por ter optado pelo confinamento do país como método de combate ao vírus e afastou qualquer possibilidade de repetir esta prática.

São Paulo é um dos estados que aplicam as mais fortes regras de confinamento da população. Apesar de tudo, isto não se reflete na redução dos casos de Covid-19. O estado tem hoje o maior número absoluto de óbitos. Dos 312 mil mortos no Brasil (dados de 28/03), 71.991 estão em São Paulo. Pratica-se hoje a mesma regra que não funcionou no ano passado. A impressão que fica é que os governos querem mais mortes. Se o lockdown não reduziu o número de casos em 2020, por que reduziria em 2021 quando, além pandemia, a população começa a enfrentar a pobreza e a fome?

A economia mata mais que a pandemia.

A situação é tão grave que municípios estão falindo. Na semana passada, o prefeito de Aparecida, situada na rica região industrial do Vale do Paraíba no Estado de São Paulo, participou do programa de opinião “Os Pingos nos Is”, da rádio Jovem Pan (um dos poucos meios de comunicação social que ainda praticam o jornalismo sério) onde, chorando, pediu comida para os moradores.

Aparecida abriga o maior templo católico e a basílica da padroeira do Brasil. A economia da cidade gira em torno da fé cristã. Com todas as lojas fechadas pelo lockdown, o desemprego atingiu mais de 70% da população. “Estamos passando fome”, desabafou o prefeito Luiz Carlos de Siqueira.

Durante a primeira volta das últimas eleições ao Governo de São Paulo, João Dória se posicionou sempre em ataque frontal contra o PT de Lula, considerado por ele o inimigo do Brasil. Para a segunda volta das eleições, que disputava com o candidato do PSB, Márcio França, Dória criou o slogan BolsoDória, associando a sua “aliança” com o então candidato à presidência, Jair Bolsonaro, que disputava com Fernando Haddad, do PT. Na segunda volta das eleições presidenciais Bolsonaro era o franco favorito. Associar o seu nome ao de Bolsonaro foi só um passo para conquistar votos.

Hoje, João Dória transformou-se num dos maiores inimigos de Bolsonaro, aliou-se ao PT de Lula. O seu objetivo é ocupar a presidência do país e para isso vale tudo, até destruir a economia do estado mais rico para depois oferecer a solução.

Se depender dos votos dos paulistas para atingir este objetivo vai dar-se mal.A sua taxa de rejeição é altíssima. O seu foco é destruir Bolsonaro com apoio de outros governadores e da imprensa mainstream (grandes redes de TVs e jornais como O Globo, O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, entre outros) que agoniza sem as verbas públicas federais. João Dória, no orçamento do Estado para 2021 retirou em plena pandemia R$ 70.000.000,00 da verba da Saúde, transferindo-a para Publicidade. Sim, foi isso que você leu: tirou dinheiro da Saúde e injetou na Publicidade. Isso ajuda a entender a total falta de notícias críticas da imprensa à sua gestão.

O Brasil vive uma guerra ideológica. Numa guerra o primeiro a morrer é a verdade. O jornalismo por aqui acabou. Veículos de informação fieis à notícia como A Gazeta do Povo, Jornal da Cidade On Line, Brasil Paralelo transitam à margem do establishment com informação imparcial. Mas, ainda estão longe das massas.

Ao povo resta enfrentar o medo e ir para as ruas protestar. Diariamente, acontecem manifestações em vários pontos da capital paulista. São comerciantes clamando pela abertura das suas lojas, restaurantes, bares, ginásios, etc; desempregados pedindo o emprego de volta e a sociedade sensibilizada que conseguiu superar o medo. A crise económica causada pelos sucessivos lockdows provoca desespero e reflete no aumento de suicídios. Há pessoas que se  jogam de viadutos em estradas e deixam cartas à família pedindo desculpas. Nos grandes centros o fim da vida chega num salto no ar de enormes prédios residenciais. Tudo muito triste.

São Paulo é hoje o epicentro da crise nacional nesta fase da pandemia. É preciso estar atento. Atualmente a população não acredita mais na Justiça ditada por um poder que deveria respeitar a Constituição, como o STF. Onde a justiça não existe para defender o cidadão, as ruas mostram que o povo pode se rebelar e partir para a vingança com as próprias mãos.