Esta pode ser a minha última crónica aqui no SAPO24. Na verdade, todas as crónicas podem ser as últimas, seja porque me despedem, seja porque a vida é volátil e podemos deixar de existir a qualquer nanossegundo. A verdade, é que no próximo dia 5 vou tomar a vacina contra a covid. "Já!?", perguntam vocês, incrédulos, por eu não aparentar ter mais de 26 anos. Alguma cunha? Nada disso. A verdade, caros leitores, é que já tenho 37, mas com uma pele de fazer inveja ao rabinho de um bebé. Escolhi tomar a vacina na Amadora porque eu sou um gajo que não se esquece das suas origens e porque, algo me diz que os bolinhos que dão no fim enquanto esperamos para ver se nos dá o badagaio, podem ter brinde.

Como hipocondríaco, já sei que vou ter os sintomas todos e adicionar outros tantos à lista. Nenhum de nós percebe nada de vacinas, mas todos temos as nossas favoritas. Astrazeneca, ficou com a pior fama de todas. A Janssen tem a vantagem de ser só uma dose, mas é menos eficaz. A Pfizer e a Moderna são as preferidas, mas também há aqueles casos de miocardites em jovens que ninguém sabe muito bem se há relação. Eu não sei se 37 ainda é ser-se jovem, por isso tenho dúvidas. A mim é-me indiferente, já sei que vou ficar a panicar com qualquer uma delas. Li uma dica que pode ajudar outros como eu: tomem a vacina no braço direito para o caso de vos doer o braço no dia seguinte não pensarem que é um enfarte. 

Já vi pessoas que sempre gozaram comigo por ter medo de andar de avião a dizer que as probabilidades são baixíssimas, agora a dizerem que não vão tomar a vacina porque em 100 milhões administradas morreram 4 pessoas que nem se sabe bem se está relacionado. A probabilidade de morrermos de desastre de avião é bem maior que essa. Quem não percebe como a ciência funciona, chamar-lhe-á um salto de fé, mas a fé não tem ensaios clínicos e entidades reguladoras. Agora, não nos enganemos: acaba por ser sempre jogar com as probabilidades. Mas andar no passeio também é porque podemos levar com um carro a qualquer momento. Almoçar também tem um risco associado já que podemos morrer engasgados, como acontece a milhares de pessoas todos os anos.

Se vamos descobrir daqui a uns anos que afinal estas vacinas têm efeitos secundários a longo prazo? Talvez, nunca se sabe, a ciência deixa sempre a porta aberta para todas as possibilidades e está em constante mutação, tal como o vírus, mas tudo indica que não. Até podem ser efeitos secundários positivos como fazer crescer o cabelo ou impedir-nos de engordar com doces. Desde que não seja começar a sentir vontade de fazer dancinhas no Tik Tok, estamos bem.

Mais dúvidas na minha cabeça de hipocondríaco: e se eu contrair covid nos dias que antecedem a toma da vacina? (Era preciso azar, mas as Leis de Murphy acompanham um engenheiro informático para onde quer que ele vá). Sinto que os especialistas devem ter acautelado isso tudo, mas, ainda assim, tenho receio do que possa acontecer. Das duas uma: ou fico imune para sempre e a brilhar no escuro, ou faleço.

Esta crónica é só para mostrar que mesmo um hipocondríaco como eu acredita na ciência e vai tomar a vacina. Vacinem-se, se faz favor, para nos podermos mamar todos da boca em breve.

Para ir: Agendar a vacina

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