Num discurso muito bem preparado, coeso e, acima de tudo, próximo às necessidades dos portistas, André Villas-Boas conseguiu captar a atenção de quem estava, não na Alfândega (porque esses já estavam convencidos), mas sim de quem estava atrás de uma televisão a assistir.
Ao desconstruirmos a oratória de Villas-Boas deparamo-nos com uma série de técnicas que muitas vezes vemos utilizadas na política. O uso de recursos estilísticos como a repetição, a menção a figuras históricas do clube, ou ainda a vertente emocional passada através de um vídeo no início e de uma história pessoal durante a apresentação, catapultaram o discurso para uma dimensão muito diferente.
Vamos por partes. Começando por agradecer ao atual presidente Jorge Nuno Pinto da Costa – algo que seria quase que indispensável, tendo em conta as últimas décadas -, André Villas-Boas abordou de uma forma bastante honrosa aquele que é, tal como o mesmo intitulou, “o presidente dos presidentes do Futebol Clube Porto”. Para, de seguida, começar a enumerar fracassos e promessas não cumpridas pela direção, indo desde o plano desportivo, à conjuntura financeira do clube. E, no meu entender, deixando espaço para refletir chamando à atenção para o medo que existe no clube do Norte, por parte dos adeptos em expressarem a sua opinião.
Outro ponto de atenção: em nenhum momento, Villas-Boas criticou os rivais. Num discurso totalmente focado numa critica para dentro, o candidato à presidência levou à letra a expressão de que devemos olhar primeiro para nós antes de julgarmos os outros.
O terceiro grande ponto e, o mais demorado, o programa que apresentou. Já seria de esperar o foco nas modalidades e na modernização do clube. Contudo, mesmo neste momento, não deixou de focar na importância de aproximar o “Porto das suas gentes” com a criação da Fundação Futebol Clube do Porto.
No fim, e como não podia deixar de ser, um sorriso e brilho nos olhos de um “menino” que está a ver o seu grande sonho perto de se tornar realidade. Um sorriso e brilho nos olhos de um “menino” que sabe o que quer e do que precisa o clube. Um sorriso e brilho nos olhos de um “menino” que, ao fim de 40 anos, apresentou um discurso sem medos e hesitações.
Um ponto à parte para refletirmos: um discurso adaptado à atualidade, utilizando técnicas antigas. Uma expectativa muito grande, o uso de figuras públicas para potenciar a campanha e, por último, a rede social escolhida por Vilas Boas para colocar no suporte visual que o apoiava: o TikTok.
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