É difícil, até, perceber a forma plácida como a situação da CGD está a ser comentada, desde logo pelo Presidente da República que, ainda há 15 dias garantia que hoje já haveria equipa. Não só não há, como começa a ser claro que não haverá tão cedo. E as dúvidas do BCE – às quais se juntarão seguramente as da direção geral da Concorrência europeia – já conhecidas, permitem dizer que nada está seguro, nem sequer a manutenção da Caixa Geral de Depósitos como banco público.
A história da CGD não começou em novembro do ano passado, é certo, com a entrada do novo Governo. É evidente que a CGD precisava de capital nos anos anteriores, mas o governo de Passos optou por não o fazer. Por boas e más razões, a CGD ficou debaixo do tapete, mas os maus negócios e a ausência de rentabilidade, essas, não. Agora, não é possível, não é aceitável, que a gestão do banco público esteja demissionária desde o início do ano, de facto e de direito, e ninguém dê explicações. Ah, é verdade, Centeno falou ao país 15 minutos sobre a CGD antes do jogo de futebol entre Portugal e a Hungria para não dizer nada. Sabe-se, hoje, que António Domingues será o presidente executivo, e pouco mais. Tudo o resto são fugas de informação, organizadas ou não, e por confirmar.
Não se sabe quem é a equipa, não se sabe que estratégia terá, não se sabe qual será a necessidade de capital, não se sabe quantos administradores terá, e agora sabe-se que o BCE pede um Plano B para o banco público que permita a capitalização sem a ajuda pública.
É urgente que o ministro das Finanças pare para pensar, e dê explicações. Sem cachecol da seleção, apenas com o da governação. Porque os efeitos são tão negativos que a CGD estará hoje a perder depósitos para a concorrência, como disse, aliás, Stock da Cunha. E está a gerar um efeito negativo, de imagem e reputação, sobre toda a banca nacional que está exposta ao mercado de capitais, como se vê, também, nas cotações do BCP e na dificuldade de venda do Novo Banco.
O Governo está mais preocupado em responder às dúvidas das instituições internacionais com notícias sobre os novos administradores independentes para a CGD e com o Orçamento participativo – como se gerir um país fosse igual a gerir uma câmara – em vez de travar, de uma vez por todas, as confusões em torno do banco público e de concentrar os esforços em negociar uma solução tão rápida quanto possível.
As escolhas
António Costa garante que tem almofadas orçamentais para evitar uma nova derrapagem do défice, como por ler, e ouvir, em www.rr.pt. O plano B do Governo é, portanto, cortar o que estava já cativado, cerca de 360 milhões de euros. O problema é que a economia está em derrapagem acelerada, as previsões mais recentes já apontam para um crescimento da ordem de 1%, 0,8 décimas abaixo do previsto.
E na Turquia, está em curso a construção de uma ditadura efetiva, depois de uma tentativa amadora de golpe de Estado. Erdogan está a endurecer um regime político, um sistema de um país que está, há anos, para entrar na União Europeia. Já foram detidas mais de sete mil pessoas – ler aqui em www.sapo24.pt – e é bom não esquecer que foi a União Europeia a pagar à Turquia para "receber" refugiados, que continuam a chegar todos os dias.
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