No Porto há novos sotaques, mas o português fala pelo mundo
No seu brutalismo recatado, as Galerias Lumière, arrumadas entre as ruas José Falcão e das Oliveiras, no centro histórico do Porto, estão vazias. Uma rapariga dedilha qualquer coisa ao computador. Nas poucas lojas ainda abertas a esta tardia hora, só os olhos fundos dos lojistas vão vigiando os restos de gente que atravessavam o espaço para ir de uma rua à outra.
Em breve, a visão será outra: a Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN) deu hoje parecer favorável ao Pedido de Informação Prévia (PIP) para uma unidade hoteleira a instalar nas Galerias Lumière que vão encerrar em 2020.
Segundo a Direção Regional, a proposta apresentada pretende a alteração de utilização de comércio e serviços para unidade hoteleira, cujo futuro projeto "terá de ser objeto de nova apreciação".
Para aquele organismo, "a intervenção proposta permite requalificar a imagem exterior do prédio e é por isso positiva para a relação com o imóvel classificado (Depósito de Materiais da Fábrica das Devesas), que se pretende salvaguardar".
Há algumas semanas, os lojistas falavam em "bullying imobiliário", por parte da atual administração das Galerias — que os pressionava, através de email e sucessivos contactos telefónicos, no sentido de abandonarem o espaço o quanto antes, escreveu, então a Lusa.
Havia até vários lojistas que tinham já abandonado o local em troca do perdão das rendas em atraso, e outros que aceitaram um acordo com a administração que lhes ofereceu o valor das rendas até dezembro sob compromisso de entregarem a chave em janeiro.
Com o futuro de um lugar irónico da cidade a desenrolar-se, o Porto continua nas suas metamorfoses, à boleia dos novos sotaques, novas línguas que cantam pelas ruas da Invicta.
Falando em vozes: esta quarta-feira, José Cid recebe o Grammy Latino. O músico português foi galardoado com o Grammy de “Excelência Musical” pela Academia Latina de Gravação. “O Prémio à Excelência Musical é concedido a artistas que fizeram contribuições de significado artístico excecional para a música latina”.
A influência lusófona no mundo está também em Espanha. Madrid acolhe esta quarta-feira o 2.º Fórum Internacional da Língua Portuguesa (II FILP).
Organizado pela Universidade Complutense de Madrid e pela Associação de Professores de Língua Portuguesa em Espanha, oencontro tem por objetivo favorecer o diálogo entre professores, investigadores e estudantes de diferentes partes do mundo, para o intercâmbio do saber teórico e prático nas áreas da Linguística, Literatura e Cultura. E, ainda, contribuir para o debate sobre a cooperação, celebrando a repercussão mundial da circum-navegação iniciada desde a Península Ibérica, que deu origem ao intercâmbio linguístico e cultural entre continentes.
Já em Lisboa, começa a sessão portuguesa do Pessoa Festival. O evento lançado o ano passado em Nova Iorque reúne autores, editores, jornalistas e críticos literários lusófonos. A sessão portuguesa acontece no Lisboa Pessoa Hotel, erguido no mesmo local onde funcionou a Tipografia do Comércio, que, em 1915, imprimiu os dois números da Orpheu.
O programa começa com um percurso a pé por cafés, livrarias, ruas e moradas que são referência na vida e na obra de Pessoa. É seguido por debates, uma roda amadora de leitura de trechos de obras de autores de língua portuguesa e se encerra com uma sessão meio conversa, meio pocket show entre autores que transitam entre a escrita e o canto
Entretanto, no Porto, Serralves lança o catálogo Álvaro Siza: in/disciplina. Desenvolvido por ocasião da exposição patente no Museu de Serralves, este catálogo apresenta uma vasta seleção de desenhos, esquissos e anotações pessoais de Siza – produzidos durante a conceção, a construção ou a conclusão dos 30 projetos incluídos na exposição. O arquiteto Nuno Grande e o arquiteto Carles Muro conduzem a apresentação, à qual se juntam os arquitetos Adalberto Dias, António Madureira e Carlos Castanheira, convidados a recordar algumas das obras em que colaboraram com Álvaro Siza e que se encontram ao longo desta completa publicação.
Por entre Galerias e cantorias, eu sou o Pedro Soares Botelho e hoje o dia foi assim.
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- Considera-se um louco no bom e no mau sentido. Não se ofende se o tratarem por louco e considera que a doença mental pode ser, de alguma forma, um luxo. Revelações feitas pelo judoca Célio Dias, numa conversa que foi das vozes que ouve - e que ouviu o tempo todo enquanto falámos - à voz que quer ter
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